terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Retrospectiva 004 - Os Presidentes Americanos nos Quadrinhos!


Ah, foi emocionante a posse de Barack Hussein Obama como quadragésimo-quarto presidente dos EUA, não acham? Bão, eu pelo menos achei... E as editoras de quadrinhos americanos provavelmente também... Alguns meses atrás o roteirista/desenhista/editor Erik Larsen botou o seu Savage Dragon na campanha em favor do então candidato democrata (assunto que eu discuti aqui), e tentando tirar proveito da "Onda Obama" recentemente a Marvel Comics botou o Homem-Aranha frente-a-frente com o mais novo mandatário estadunidense no gibi Amazing Spider-Man #583, que arrebentou a boca do balão no quesito vendas. Como vendas altas são o tipo de coisa que todo autor gosta o famigerado Rob Liefeld já prometeu que a sua "melhor criação" - o super-grup Youngblood - também terá um encontro pessoal com o novo presidente americano. Bom, dito tudo isso, acredito que esse momento é mais do que perfeito para relembrar algumas aparições presidenciais que rolaram nos quadrinhos americanos. Antes de iniciarmos essa retrospectiva, um aviso: não iremos citar aqui todas as aparições presidenciais porque isso envolveria um trabalho gigantesco de pesquisa; iremos relacionar apenas um ou outro momento do Presidente dos EUA nos gibis. Vilões e super-heróis que por um acaso viraram presidentes também estarão fora da lista. Tudo bem? Beleza... Então vamos lá:


Figura notável esse tal de Franklin Roosevelt... Liderou com pulso os EUA durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, e até hoje é considerado um dos maiores presidentes americanos de todos os tempos. Com tanta fama assim não foi dificil para ele fazer uma visita ao Mundo Encantado da Nona Arte, e o escritor/editor Roy Thomas fez com que ele fosse o idealizador do All-Star-Squadron, mega-super-equipe que reunia heróis da Era de Ouro tanto da DC Comics quanto de outras editoras menores ou falidas compradas por ela. Também coube a Roosevelt dar pessoalmente para o Capitão América o seu famoso escudo redondo no gibi Captain America#255, escrito por Roger Stern, desenhado por John Byrne e publicado recentemente aqui no Brasil no encadernado Os Maiores Clássicos do Capitão América vol.01.


Carismático, jovem, bonito e grande-comedor-de-mulheres, John Fitzgerald Kennedy foi o primeiro presidente católico dos EUA, e infelizmente o seu mandato iniciado em 1961 foi abruptamente encerrado em 1963, quando ele foi assassinado durante uma visita ao Texas. Só que antes do seu falecimento ele teve tempo para encontrar-se com o Superman na revista Superman #170, que trazia a história Superman's Mission For President Kennedy (A missão do Superman para o Presidente Kennedy) , escrita pela dupla Bill Finger e E. Nelson Bridwell e desenhada por Al Plastino. Lançada em 1964, nessa aventura o Homem de Aço ajuda a divulgar um programa nacional de prática de atividades fisicas, e devido a morte de Kennedy a sua publicação foi quase suspensa. O que impediu o seu cancelamento foi um pedido para que elea fosse publicada que partiu do gabinete de Lyndon Johnson (o sucessor de Kennedy), que entendeu que essa aventura era uma boa forma de homenagear o presidente falecido.


Richard Nixon era um presidente ranzina e pouco carismático, e além desses defeitos ele gostava de espionar os seus adversários politicos, fato esse que assim que foi descoberto motivou a sua renúncia em 1974. Antes de renunciar ao cargo Nixon exigiu providências do Quarteto Fantástico em relação a Galactus no gibi Fantastic Four #123 (no Brasil Incrível Hulk #06, 1983, Ed. Abril) e foi avisado quando o exército americano capturou o Hulk na revista Incredible Hulk #152. Todavia, com certeza a aparição mais marcante de Nixon nos quadrinhos foi na minissérie Watchmen, onde através de diversos arranjos politicos ele praticamente conseguiu se tornar o presidente vitalício dos EUA.


Hoje Jimmy Carter é respeitado como um dos maiores e mais importantes defensores dos direitos humanos, só que em 1981 as suas chances de obter um segundo mandato foram para o espaço devido a sua ineficiência em lidar com a ascenção dos radicais xiitas no Irã. Talvez Carter tivesse tido chances eleitorais melhores caso na vida real ele tivesse sido ajudado pelo Coisa e por Nick Fury, que impediram que ele fosse assassinado nos gibis Marvel Two-in-One #26 e #27. Todavia essa não foi a única ajuda super-heróistica que Carter recebeu, já que na revista Justice League of America #150 a Liga da Justiça o protegeu do vilão Star-Tsar.


Bonachão que nem só ele, o carismático ex-ator Ronald Reagan se tornou idolo de conservadores do mundo inteiro, e a quantidade de aparições quadrinisticas do sujeito é enorme. Vamos ficar só em uma, quando devido a protestos populares (manipulados pelo vilão Darkseid) ele proibiu as atividades super-heroísticas no segundo capítulo da minissérie Lendas (Legends), relançada aqui no Brasil a alguns anos atrás pela Panini.

Bill Clinton
Primeiro presidente americano oriundo da geração baby-boomer (nascida após a Segunda Guerra Mundial) Bill Clinton realizou um bom trabalho a frente do governo americano, apesar da feroz oposição dos conservadores. Nos quadrinhos Clinton deu o ar da sua graça durante as sagas O Retorno do Superman e Heróis Renascem, só que entre todas as aparições do grisalho presidente a mais interessante sem dúvida foi a idealizada pelo escritor Alan Moore no gibi Supreme The Return #01, onde o grisalho presidente foi deposto do governo pelo vilão alienigena Korg, que ainda por cima tomou como concubina a "adorável" primeira-dama Hillary Clinton. Caso vocês queiram saber como Korgo lidou com Hillary recomendo a leitura do encadernado Supremo - A Era de Bronze, lançado a pouco tempo no Brasil pela Devir.


Inepto. Esbanjador que destruiu as contas públicas americanas. Lançou o EUA em duas guerras sem fim. Responsável direto por uma das maiores crises financeiras da história do Capitalismo... Não vamos nos alongar nos "comentários" sobre George W. Bush, uma vez que entendemos que a "cara" dele perguntando a Nick Fury se o Capitão América era "esperto o bastante" no gibi Ultimates #03 já diz tudo...

E como diria Stan Lee: tenho dito!

Fonte:
SuperHeroUniverse

sábado, 17 de janeiro de 2009

Review 003 - Palestina, de Joe Sacco




Pois é, meus amigos... No exato instante em que vocês acessam este blog está rolando mais um capítulo do aparentemente eterno confronto entre Israel e o povo palestino. Eu já falei de maneira indireta sobre o assunto aqui, e para ser sincero com vocês não pretendia entrar em nenhuma discussão sobre a guerra (ou seria matança generalizada e indiscriminada?) que está acontecendo na Faixa de Gaza, já que o objetivo desse blog é apenas tocar em assuntos leves e divertidos relacionados a cultura pop em geral e aos quadrinhos em particular. Mas... Todavia... Porém... É impossível ficar indiferente a carnificina perpetrada pelo estado israelense contra o povo palestino, e isso é razão mais do que suficente para que eu comente aqui duas obras em quadrinhos fundamentais para aqueles que querem entender esse conflito que se arrasta por sessenta anos: Palestina - Uma nação ocupada e Palestina - Na Faixa de Gaza, ambas escritas e desenhadas pelo jornalista Joe Sacco e lançadas aqui no Brasil pela recém-vendida Conrad Editora.

Nascido em Malta e naturalizado americano, o jornalista Joe Sacco começou sua carreira nos quadrinhos independentes dos EUA nos anos oitenta, e a razão do seu sucesso foi a elaboração de "reportagens em quadrinhos", ou seja, ao invés de fazer um reportagens no formato escrito ou audio-visual o artista optou por fazer seus artigos no formato quadrinistico. Viajando pelo mundo e cobrindo vários conflitos, em 1991 Sacco visitou Israel e os territórios palestinos ocupados, e nessa época as expectivas em torno da resolução do conflito eram não eram exatamente as melhores possíveis. Dentro desse contexto o jornalista caminhou pela Cisjordânia e pela Faixa de Gaza, e após esse contato direto com o povo local ele relatou nas duas obras citadas acima a triste situação vivida pelos palestinos nesses territórios, situação essa composta por colonos israelenses belicosos, prisões e execuções arbritárias, torturas, opressão militar e confisco de terras. Tal relato sobre o conflito não seria completo se Sacco não colhesse opiniões do lado de Israel, e quando faz isso brilhantemente ele expõe o grande dilema/contradição que acomete vários israelenses: ninguém quer lutar contra os palestinos para sempre, a guerra é uma coisa ruim, mas devolver terras e fazer concessões para os palestinos? Impossível! E após isso o leitor se pergunta: há uma solucão possível para esse conflito?

Além do detalhismo nas informações apresentadas outro ponto que chama atenção nas duas graphic novels é o estilo artístico de Sacco: oriundo das HQ's underground americanas, o jornalista não nega suas origens artisticas, o que faz com que os desenhos de Palestina e Palestina- Na Faixa de Gaza estejam bem longe daquilo que considerariamos "realista" ou "bonitinho". Em principio tal característica deveria atrapalhar a narrativa, só que acontece justamente o contrário, já que o traço sujo e deformado de Sacco acaba reforçando a angústia do povo palestino e os dilemas israelenses. Resumindo tudo repetindo o que já foi repetido aqui: para quem quiser entender o conflito Palestina-Israel as graphic novels Palestina - Uma nação ocupada e Palestina - Na Faixa de Gaza são duas obras obrigatórias.


Fontes:
Palestina - Uma nação ocupada - Conrad Editora
Palestina - Na Faixa de Gaza - Conrad Editora

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Curiosidades Curiosissimas 016 - Um estranho produto licenciado da Marvel...

Que o merchandising e o licenciamento de suas marcas para os mais diversos produtos é uma das maiores fontes de renda das editoras de quadrinhos americanos todos nós sabemos... Só que as vezes na ânsia de faturar um "din-din" a mais realmente essas editoras perdem a noção... Vejam as imagens abaixo, vindas dos gloriosos anos setenta (ou oitenta, sei lá):

Pois é, sobre isso eu só posso falar o seguinte: nada como ensinar a b#$!#* a ler gibi!

Fonte:
Byrne Robotics - Site Oficial de John Byrne

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Curiosidades Curiosissimas 015 - Capas Rejeitadas da Marvel Comics!

Pois é, dia desses estava acessando o site do escritor e pesquisador americano Mark Evanier e me deparei com um artigo interessantísimo sobre algumas capas de gibis da Marvel que por uma razão ou outra foram rejeitadas pelos editores e acabaram sendo refeitas ou substituídas por outras. Ora, rejeições de capas acontecem de tempos em tempos e isso é absolutamente natural dentro de qualquer meio editorial, porém algumas das histórias de bastidores por trás dessas rejeições não deixam de ser curiosas... O que é razão mais do que suficiente para nós explorarmos tais histórias aqui! Antes de iniciarmos tal "exploração" um pequeno aviso: publicaremos logo abaixo as capas alternativas lado a lado com as capas publicadas, sendo que as publicadas estarão a esquerda do seu vídeo e as alternativas ficarão a direita. Vamos lá? Então vamos, ora pois!


Fantastic Four #03


Que gibi é esse? : Fantastic Four #03.
Quando ele foi publicado originalmente? : Em Março de 1962.
Esse gibi trazia ... : Uma aventura em cinco partes onde o Quarteto Fantástico encarava um vilão dotado de poderes ilusórios chamados Miracle Man.
Quem fez essa história? : A eterna dupla dinâmica composta por Stan Lee e Jack Kirby!
Por que essa edição é histórica? : Nesse gibi pela primeira vez o Quarteto Fantástico envergou o seu uniforme clássico.
Quem desenhou a capa publicada? : Jack Kirby.
E quem desenhou a capa rejeitada? : Ora bolas, Jack Kirby também!
Por que a capa alternativa foi rejeitada? : Segundo Evanier a capa alternativa (que mostra o Quarteto enfrentando um monstro) foi rejeitada porque Stan (que era o editor-chefe da Marvel) pretendia fazer com que o gibi da Primeira Família da Marvel ficasse o mais parecido possível com uma típica revista de super-herói. Falar isso hoje pode parecer estranho, mas no final dos anos cinquenta e início dos sessenta a principal especialidade da Marvel eram os gibis de monstros, e os dois primeiros gibis do Quarteto seguiam de perto essa tendência. Ora, se a idéia era a partir da terceira edição transformar o Quarteto em um super-grupo isso deveria ser refletido na capa, não concordam? Dito isso, a primeira capa foi rejeitada... Mas não pensem vocês que apenas uma capa foi rejeitada nesse gibi. Cliquem aqui e saibam um pouquinho mais sobre o famigerado e rejeitado Quarteto Mascarado!


Amazing Fantasy #15


Que gibi é esse? : Amazing Fantasy #15.
Quando ele foi publicado originalmente? : Em Agosto de 1962.
Esse gibi trazia ... : a aventura Spider-Man! (Homem-Aranha!), onde após adquirir poderes aracnídeos o jovem Peter Parker aprende uma dura lição.
Quem fez essa história? : O sempre genial Stan Lee a escreveu e Steve Ditko se encarregou da arte.
Por que essa edição é histórica? : A estreia do Homem-Aranha... Precisa dizer mais alguma coisa?
Quem desenhou a capa publicada? : Jack Kirby, sendo que ela foi arte-finalizada por Steve Ditko.
E quem desenhou a capa rejeitada? : Steve Ditko.
Por que a capa alternativa foi rejeitada? : Os bastidores da criação do Homem-Aranha são repletos de polêmica... Inicialmente Kirby ficou responsável pela concepção visual do herói aracnídeo, só que Stan não gostou muito dos esboços iniciais feito pelo "Rei", e repassou a tarefa para Ditko. O visual do Homem-Aranha elaborado por Ditko agradou sobremaneira Stan, que encarregou-o da tarefa de fazer a capa de Amazing Fantasy #15, só que aí... A capa feita por Ditko não agradou Stan! A solução encontrada foi repassar a Kirby a elaboração da capa, sendo que Ditko ficou responsável apenas pela arte-final da mesma, que é praticamente uma das mais famosas dos quadrinhos americanos.


Fantastic Four #52


Que gibi é esse? : Fantastic Four #52.
Quando ele foi publicado originalmente? : Em Julho de 1966.
Esse gibi trazia ... : a aventura The Black Panther (O Pantera Negra), onde durante uma incursão ao fictício país africano chamado Wakanda o Quarteto encara o Pantera Negra, o monarca local.
Quem fez essa história? : Stan "o Cara" Lee a escreveu e Jack "o Rei" Kirby a desenhou! E o maravilhoso Joe Sinnot foi responsável pela arte-final.
Por que essa edição é histórica? : Esse gibi traz a estreia do Pantera Negra, o primeiro super-herói negro dos quadrinhos americanos.
Quem desenhou a capa publicada? : Jack Kirby.
E quem desenhou a capa rejeitada? : Jack Kirby, é claro!
Por que a capa alternativa foi rejeitada? : Várias versões dessa capa foram elaboradas, e tudo indica que a capa publicada foi escolhida por razões puramente estéticas. E convenhamos: a capa escolhida é realmente muito mais bonita, misteriosa e elegante que a capa alternativa, não é mesmo?


X-Men #56


Que gibi é esse? : X-Men #56.
Quando ele foi publicado originalmente? : Em Maio de 1969.
Esse gibi trazia ... : a aventura What is the... The Power? (O que é... O Poder?), onde os antigos X-Men enfrentam o mutante egipcio conhecido como Monolito Vivo.
Quem fez essa história? : Roy Thomas escreveu o roteiro, enquanto Neal Adams e Tom Palmer a desenharam.
Por que essa edição é histórica? : Esse gibi marca o início da curta e histórica passagem do genial desenhista Neal Adams pelo título dos mutantes da Marvel.
Quem desenhou a capa publicada? : Neal Adams.
E quem desenhou a capa rejeitada? : Precisamos realmente falar que Neal Adams também desenhou a capa rejeitada?
Por que a capa alternativa foi rejeitada? : Aparentemente no final dos anos sessenta o gibi dos X-Men estava caindo pelas tabelas, quase sendo cancelado. Querendo dar "uma sacudida" visual no título Adams concebeu uma capa fora dos padrões habituais para a época, onde os mutantes aparecem crucificados no logotipo da revista. De cara o Martin Goodman (o chefão da Marvel nesse período) vetou essa capa, já que na cabeça dele era um despropósito o logotipo do gibi aparecer encoberto! Dito isso, Adams a refez, mas teimoso do jeito que era o genial artista ainda assim desenhou algo um pouquinho diferente do usual, já que na capa publicada o vilão esmaga com suas mãos o logotipo. Hoje tal capa é considerada uma das mais clássicas já lançadas no mercado americano de quadrinhos, e até o roteirista/desenhista John Byrne prestou homenagem a ela durante a sua passagem pelo gibi dos mutantes, e quem quiser ver tal homenagem pode clicar aqui.


É isso aqui, meus queridos... Evanier relacionou e contou a história de cerca de dezesseis capas rejeitadas, porém como o espaço por aqui e o meu tempo são curtos eu postei aqui apenas quatro dessas histórias. Clique aqui para saber mais sobre outras capas rejeitadas da Marvel, e continue nos acessando para saber mais curiosidades curiosissimas dos quadrinhos!

Fonte:
POV Online - Site Oficial de Mark Evanier

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Curiosidades Curiosissimas 014 - O que há em comum entre os Guardiões do Universo e um Primeiro-Ministro israelense?



Os fãs que lêem ou leram as aventuras do Lanterna Verde certamente conhecem os Os Guardiões do Universo, uma raça imortal que, imbuída do desejo de trazer paz e ordem ao Cosmo criou a Tropa dos Lanternas Verdes uma força policial que busca combater o mal e a injustiça em todos os cantos do Universo. O que talvez esses fãs não saibam é que os anõezinhos azuis tiveram sua aparência inspirada em um famoso político israelense! Mas que político é esse? Melhor explicarmos...


Nascido em uma comunidade judaica na Polônia em 1886, desde cedo o anti-semitismo marcou a vida de David Ben Gurion, que chocado com a violência sofrida pelos judeus no Leste Europeu ainda jovem decidiu militar no movimento sionista, movimento esse que pregava a volta dos judeus de todo o mundo para a sua terra de origem, no caso a antiga Judéia. Esse militância fez com que Gurion se transformasse em uma figura-chave nas lutas que em 1948 redundaram no nascimento do estado de Israel, e assim que o jovem estado nasceu ele se tornou o seu primeiro cidadão a ocupar o cargo de Primeiro-Ministro.

Gurion exerceu esse cargo de Primeiro-Ministro israelense de forma quase ininterrupta durante quinze anos e veio a falecer em 1973, se transfigurando definitivamente em uma das mais importantes e decisivas personagens da História israelense. Hoje, a figura de Gurion ainda causa polêmica entre os historiadores, os israelenses e os palestinos: alguns historiadores acreditam que ele cometeu atos questionáveis durante a sua militância sionista e seu governo; a maioria do povo israelense o considera um herói da pátria; por outro lado o povo palestino não esconde o ódio e desprezo por sua figura, considerando-os um dos responsáveis pelas desgraças que os acometem desde 1948. Este blogueiro que vos fala não é historiador e não cabe a ele -- principalmente em um blog dedicado a quadrinhos e cultura pop -- fazer qualquer tipo de juízo sobre Gurion. São os especialistas no conflito Israel-Palestina que devem afirmar se Gurion foi um monstro, um herói ou um pouco de ambos. Todavia, de gibi a gente pode falar sem problema nenhum, e a gente também pode pedir para aqueles que estão acessando esse blog comparar com atenção as duas figuras publicadas logo acima. Há uma certa semelhança entre elas, não é mesmo? Pois é, tal semelhança não é mera coincidência!

Os Guardiões do Universo estrearam oficialmente em 1960 no gibi Green Lantern #01, que trazia a aventura The Planet of Doomed Men, escrita por John Broome e desenhada por Gil Kane. Ora, o editor da revista era o hoje lendário Julius Schwartz, e baseado nas idéias postas na mesa por Broome "Julie" sugeriu que os Guardiões fossem retratados de forma semelhante ao então velho Primeiro-Ministro israelense. Façam uma nova comparação entre as duas figuras abaixo e confirmem que eles são de fato e de direito a cara de um e focinho do outro...




Pois é, naturalmente o tempo passou e voou e hoje os Guardiões não são assim tão "parecidos" com David Ben Gurion, mas que o velho Primeiro-Ministro foi a inspiração para a criação dos anõezinhos, ah, meus amigos, disso não há dúvida! E tenho dito!


Fontes:
Comic Book Resources
POV Online - Site Oficial de Mark Evanier
David Ben Gurion - Perfil na Wikipedia

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Halloween dos Super-Heróis



Vocês conhecem o sujeito acima? Hum, eu acho que não... Bem, permitam que eu o apresente: seu nome é Tom Fagan, um nerd inveterado que no começo dos anos setenta reuniu em sua casa em Rutland (cidade localizada no estado de Vermont, nos EUA) a fina flor dos roteiristas e desenhistas do mercado americano de quadrinhos, em festas de Halloween de arromba. Pois é, a vida desse sujeito e as HQ's criadas tendo ele e sua festa de Dia das Bruxas como inspiração são o tema do artigo O Halloween dos Super-Heróis, um artigo escrito por mim e que foi publicado pelos meus amigos do HQManiacs. Eis aqui um pequeno trecho do artigo:



O Primeiro Crossover Marvel/DC


No final de 1972 e início de 1973, Rutland e o seu desfile de Dia das Bruxas foram o principal cenário de três HQ´s, só que ao contrário das aparições anteriores da pequena cidade de Vermont, essas três histórias eram sutilmente interligadas. E, além de serem ligadas entre si, duas dessas aventuras foram publicadas pela Marvel e a outra pela DC Comics. Resumindo: na prática elas compuseram o primeiro crossover Marvel/DC! Mas como isso foi possível em pleno início dos anos setenta? Bem, todos os roteiristas que conceberam essas histórias participavam habitualmente das festas de Fagan e, em conjunto, eles decidiram que cada uma delas complementaria as outras, apesar de ser possível lê-las de maneira separada. Naturalmente isso foi feito sem o consentimento prévio dos donos da Marvel e da DC Comics, e como quase sempre, os artistas envolvidos nas histórias que homenageavam Tom Fagan também “participaram” dessas aventuras. Mas, afinal de contas, que histórias são essas?(...)


E aí, estão interessados em saber detalhes sobre o primeiro crossover entre a Marvel e a DC Comics? Gostariam de saber mais sobre Tom Fagan e suas festas de Halloween? Querem fazer um "passeio" pela Marvel e DC Comics dos anos setenta? Bem, é só clicar na figura abaixo:


E tenho dito!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Retrospectiva 003 - A Invasão Filipina!



Ah, nada como o início de um novo ano, e nada como iniciá-lo fazendo uma retrospectiva. Porém, o nosso objetivo aqui não é relembrar o que aconteceu de bom ou ruim no Mundo Encantado dos Quadrinhos em 2008. E devemos também acrescentar que apesar do título sugerir o contrário não iremos falar aqui de alguma saga mirabolante e "fantabulosa" da DC Comics ou da Marvel. Na verdade, falaremos de artistas oriundos da República das Filipinas - um arquipélago localizado no meio do Oceano Pacífico – que a partir do começo dos anos setenta passaram a trabalhar para o mercado americano de quadrinhos. E, diga-se de passagem: que artistas talentosos eles eram!

As Filipinas sempre foram um país multicultural, composto pela mistura do colonizador espanhol com os povos polinésios que a centenas de anos habitavam as ilhas. Em meio a esse cadinho cultural surgiu uma cultura relacionada a Nona Arte exuberante, com diversos gibis sobre os mais diversos temas sendo disponibilizados para um público ávido por quadrinhos, que por lá são chamados de Komiks. Não demorou muito para uma ou outra obra filipina chegar até os EUA, e qualidade desses trabalhos foi o suficiente para no início dos anos setenta motivar os editores Carmine Infatino e Joe Orlando a viajar até o arquipélago com o propósito de recrutar talentos locais para trabalhar na DC Comics.

Nos dias de hoje com a internet de banda larga qualquer desenhista morando no Nepal pode trabalhar para qualquer editora localizada em qualquer lugar do mundo. Todavia, nos anos setenta a coisas não eram bem assim,e praticamente todos os artistas recrutados por Infantino e Orlando acabaram se mudando para os EUA. Ao chegarem por lá boa parte deles começou trabalhando para a DC Comics, só que não demorou muito para eles expandirem seu raio de atuação para outras editoras, como a Warren e a Marvel Comics. Infelizmente nenhum deles atingiu o status de "super-astro" e isso se deve ao fato de que a grande maioria dos editores americanos não acreditavam que o estilo artístico dos filipinos era "adequado" para os típicos gibis de super-heróis, o que os obrigava a trabalharem quase sempre com revistas relacionadas com os gêneros de Terror ou Fantasia ou então como arte-finalistas para desenhistas americanos. Puro preconceito ou falta de visão desses editores, diga-se de passagem. Dito isso,iremos aqui relacionar alguns desses artistas que migraram dos Komiks filipinos para os comics americanos, e acreditamos que pelo menos o fãs mais "velhinhos" irão lembrar de alguns deles.



Celso "Sonny" Trinidad


Conan, por Sonny Trinidad

Os artistas filipinos sempre tiveram facilidade para trabalhar com histórias de Fantasia ou Terror, e um deles que decididamente conjugava a perfeição essas qualidades era Sonny Trinidad, que era um dos artistas favoritos de John Romita Sr., o editor de arte da Marvel nos anos setenta. Durante a sua carreira filipina ele usava o nome Celso Trinidad, e no arquipélago ele criou o super-herói El Gato, em parceria com o escritor Mike Tan. Para o mercado americano Trinidad trabalhou nos gibis Dracula Lives!, Marvel Chillers, The Son of Satan, Deadly Hands of Kung Fu, Skull the Slayer e The Savage Sword of Conan.



Nos anos cinqüenta ele estudava Medicina na Universidade de Manilla (capital das Filipinas), só que o amor pelos quadrinhos falou mais alto, e ele largou tudo para iniciar uma promissora carreira nos Komiks filipinos. Ao chegar nos EUA trabalhou na linha de gibis de Terror da DC Comics. Após passar um bom tempo na DC Comics Niño fez alguns trabalhos para Marvel, adaptando clássicos da ficção científica como o Homem Invisível e a Máquina do Tempo para o formato quadrinístico e posteriormente levou seu talento para a Warren Publishing e Heavy Metal. Outro vertente do seu trabalho foi o desenvolvimento de ilustrações e storyboards para produções televisivas estadunidenses, e recentemente a Image Comics prometeu que Niño será o ilustrador da minissérie Dead Ahead, que será lançada em 2009.



Um auto-didata que aprendeu por conta própria tudo que sabe, assim que migrou para os EUA em 1976 ele fez diversos trabalhos em títulos menores da DC Comics, até se firmar como um dos arte-finalistas mais requisitados da editora. Com certeza o seu trabalho mais conhecido é a arte-final feita para o lápis de George Perez no clássico gibi New Teen Titans (Novos Titãs). Hoje Tanghal tenta emplacar trabalhos mais autorais no mercado filipino de quadrinhos.



Durante um bom tempo esse talentoso artista filipino foi obrigado a assinar seus trabalhos com o sobrenome "Chua", devido a um erro de grafia ocorrido durante a sua imigração para os EUA. Isso não o impediu de se transformar em um dos mais destacados artistas do mercado americano, arte-finalizando diversos gibis tanto para a Marvel quanto para a DC Comics e se tornando um dos mais importantes desenhistas que trabalharam com as HQ’s do Conan,o Bárbaro. Após passar um bom tempo trabalhando com animação e design gráfico Chan aposentou-se, e nos dias de hoje eventualmente ele atende solicitações de fãs elaborando refinadas artes comissionadas para eles.



O primeiro artista filipino contratado por Infantino e Orlando para trabalhar na DC Comics. Por lá DeZuniga foi co-criador do deformado cowboy Jonah Hex e da super-heroína Orquídea Negra. Como praticamente todos os seus conterrâneos DeZuniga fez de tudo um pouco tanto para a DC quanto para a Marvel, até arrumar um emprego fixo na Sega e tornar-se um renomado designer de vídeo-game. Aposentado, hoje ele atua como professor de artes e eventualmente se dispõe a elaborar artes comissionadas para os seus fãs.



Desde o início da sua carreira nas Filipinas Redondo especializou-se em quadrinhos cristãos, e assim que começou a trabalhar a nos EUA ele deu continuidade a essa especialidade, se tornando um dos mais destacados artistas do gênero. Isso não significa que seu talento ficou restrito apenas aos quadrinhos cristãos: Redondo deu duro trabalhando para a Marvel e DC Comics em diversos gibis de Guerra, Terror e Fantasia, e provavelmente o seu trabalho mais famoso seja Rima, A Rainha das Selvas, uma belíssima adaptação de um romance inglês vitoriano sobre uma garota que se criou sozinha na selva amazônica. Após passar um bom tempo trabalhando com animação e dando aulas de arte Redondo nos deixou para sempre em 1996.



Considero um mestre na anatomia humana, a carreira de Nebres seguiu rumos semelhantes a de seus conterrâneos que trabalharam nos EUA. Entre um trabalho aqui e outro acolá para a Marvel e a DC Comics Nebres também desenvolveu projetos na Continuity (editora pertecente a Neal Adams) e na área de animação.



Ok, preciso fazer uma confissão: entre todos os artistas relacionados até o momento Alfredo Alcala é o favorito deste blogueiro que vos fala! E, além de ser o favorito do blogueiro decididamente é o artista filipino que possui a carreira mais cheia de "causos" pitorescos. Nascido em 1925, segundo o próprio Alcala durante a Segunda Guerra Mundial ele ajudou as Forças Aliadas durante a ocupação japonesa nas Filipinas desenhando mapas e esboços das bases nipônicas na ilha. Após o fim do conflito ele iniciou sua carreira nos Komiks filipinos e rapidamente se tornou um astro local, chegando a ganhar um gibi integralmente dedicado a ele, batizado com o título Alcala Komix Magazine. Dizem as "lendas" que durante a busca por talentos filipinos empreendida por Infantino e Orlando os dois editores perguntaram a Alcala quantas páginas ele conseguiria produzir por semana. Na bucha, o desenhista respondeu: "consigo produzir quarenta páginas por semana". Ora, Infantino e Orlando não botaram muita fé nessa declaração de Alcala, já que média de produção de um artista americano muito esforçado era dez páginas por semana, mas assim que ele começou a trabalhar nos gibis da DC eles perceberam que a produção dele era realmente assombrosa, e não somente em quantidade, mas também em qualidade. Rapidamente Alcala atingiu um certo destaque, e com certeza o trabalho mais conhecido do artista filipino aqui no Brasil seja a arte-final para o lápis de John Buscema nas aventuras de Conan publicadas na revista A Espada Selvagem de Conan. Aliás, sobre esse trabalho vale a pena comentarmos aqui que o genial Buscema até admirava Alcala, mas não gostava muito de trabalhar com ele: o estilo artístico do filipino era tão marcante que praticamente "desaparecia" com a arte de Buscema na histórias em que ambos trabalhavam juntos! Apesar do destaque alcançado nos EUA Alcala ficava um tanto quanto frustrado por ser geralmente contratado apenas como arte-finalista, todavia como bom profissional que era o filipino fazia qualquer trabalho com toda a dedicação possível, o que o tornou um dos mais prestigiados artistas dessa técnica no mercado americano. Infelizmente, em 2000 o câncer levou-o para para outras paragens.


Bem, quase todo mundo que foi citado aqui nesse momento curte a vida de aposentado ou então abandonou para sempre o nosso convívio, todavia as Filipinas ainda fornecem artistas para o mercado americano, tanto que desenhistas como Whilce Portacio, Leinil Francis Yu, Lan Medina, Francis Manapul e Philip Tan ainda levam para os comics americanos todo o talento e brilhantismo inerente aos komiks filipinos. E tenho dito! Ah, caso queiram saber mais sobre os artistas citados, acessem os links abaixo:


Links:
The Philippine Comics Art Museum
Blog do Romeo Tanghal
The Art of Tony DeZuniga - Site Oficial
Rudy Nebres - Site Oficial
Ernie Chan - Site Oficial
Nestor Redondo - Site Oficial
Belíssimo texto de Mark Evanier sobre Alfredo Alcala