quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Curiosidades Curiosissima: Quem será o misterioso Jerry Thomas ???


Algum dos leitores desse blog sabe que é o sujeito retratado na imagem acima? Alguém se lembra da carinha simpática desse camarada? Pois é, o nome dele é Jerry Thomas e, acreditem se quiserem ou não, um dia ele ajudou a Liga da Justiça a se prevenir de uma possível e futura ameaça!


Tudo começou na revista Justice League of America #16, lançada no final de 1962 e que trazia a aventura A Caverna das Esferas Fatais (Cavern of Deadly Spheres). Escrita por Gardner Fox e desenhada por Mike Sekowsky, nessa adorável aventura super-heroistica típica dos anos sessenta os herois da Liga se deparam com um misterioso bandido chamado Maestro, que através de radiação cósmica de alta frequencia disfarçada de música exercia controle mental sobre as pessoas e aplicava os mais diversos golpes.


Os justiceiros foram no encalço do marginal, e o impossível simplesmente aconteceu: não resistindo ao controle mental do vilão eles foram sumariamente derrotados! Mas como? Teria sido esse o fim da Liga da Justiça? Para falar a verdade, não... Imediatamente após a vitória do Maestro a aventura sofre um corte abrupto em sua narrativa e... nos deparamos com os justiceiros reunidos no Santuário Secreto (caverna que serviu de primeira base do grupo) lendo um gibi ao lado de Snapper Carr (o parceiro juvenil da Liga nessa época)!


Estranho? Fora de qualquer padrão narrativo? Sem dúvida alguma... Mas há uma explicação... Na verdade a "história" que mostrava a "derrocada" da Liga da Justiça era uma HQ amadora enviada para a super-equipe via correio por um fã chamado Jerry Thomas, apenas citado an passant pelos herois. Após uma atenciosa leitura do gibi os justiceiros refletiram e desenvolveram contra-medidas contra todos os perigos bolados pelo seu fã, caso eventualmente eles se concretizassem no futuro.

A Caverna das Esferas Fatais foi um delicioso e bizarro exercício de metalinguagem, porém após a sua publicação nunca mais ninguém ouviu falar do tal Jerry Thomas, até que em 1986 (vinte e quatro anos depois!) ele finalmente deu as caras no décimo-primeiro capítulo da minisserie Crise nas Infinitas Terras. Vejam logo abaixo a participação do simpático Jerry na saga que alterou para sempre o Universo DC:


Tá certo, tá certo... Aparentemente o Sr. Thomas era um policial que não sabia que vários universo haviam se fundido, mas... Será que há "alguma coisa a mais" por trás desse sujeitinho? Comparem as imagens de Jerry Thomas com a foto reproduzida abaixo:


Será que algum fã ignorante não sabe quem é o sujeito na foto acima? Para essas pobres almas cabe explicar que esse indivíduo tão "parecido" com Jerry Thomas é ninguém mais ninguém menos que o genial Roy Thomas, um dos maiores editores e escritores da História das histórias em quadrinhos americanas! Dito isso, vamos explicar como foi que Mr. Thomas virou personagem de HQ.


No inicio dos anos sessenta Thomas era um fã ávido de quadrinhos, e enviava cartas para as redações da Marvel e da DC, sugerindo plots e principalmente entrando em contato via correio com outros fanboys tão apaixonados por gibis quanto ele. De contato em contato ele acabou conhecendo Jerry Bails, um sujeito sete anos mais velho que ele e igualmente alucinado pelos antigos super-herois dos anos quarenta. Juntos, eles criaram um fanzine batizado com o proverbial nome de Alter Ego e continuaram a "amolar" os editores das principais editoras americanas através de cartas continuamente destinadas a eles. Não demorou muito para os editores e autores da DC Comics se "apegarem" a esses rapazes, e com o propósito de homenagear Jerry Bails e Roy Thomas especificamente e os fanboys em geral Gardner Fox desenvolveu o roteiro de A Caverna das Esferas Fatais, pegando o prenome de Bails e o sobrenome de Roy para criar o fictício fã "Jerry Thomas". Sabedor desse folclore em torno de Roy Thomas, o escritor Marv Wolfman decidiu homenageá-lo no penúltimo capítulo de Crise, incluindo Jerry Thomas na história e pedindo para George Pérez desenhá-lo de forma semelhante ao lendário escritor e editor. E o resto, meus amigos, é simplesmente História com "H" maiúsculo...


De tanto "encher o saco" dos editores da DC Comics em 1965 o nosso amigo Roy acabou sendo convidado para trabalhar na editora como assistente do editor Mort Weisinger. O gênio difícil de Weisinger fez com que Thomas durasse apenas uma semana na DC, mas isso não foi exatamente um problema: rapidamente ele arrumou emprego na Marvel Comics, e por lá desenvolveu a maior parte da sua brilhante carreira, se tornando um dos principais nomes por trás de personagens como os Vingadores, X-Men, Quarteto Fantástico e Conan e principalmente sendo considerado por muitos pesquisadores o "primeiro fanboy" a trabalhar profissionalmente nos quadrinhos americanos. Quanto a Jerry Bails, o Destino reservou para ele uma profícua carreira acadêmica, transformando-o no primeiro pesquisador estadunidense a estudar de forma séria e sistemática a história dos comics americanos, o que acabou lhe valendo a alcunha de "Father of Comic Book Fandom", que poderia ser traduzida como "Patriarca da Comunidade de Fãs de Quadrinhos".


Hoje, relembrando os "velhos tempos", Roy Thomas edita uma versão profissional de Alter Ego, fazendo dela uma das melhores revistas americanas dedicadas a Nona Arte. Por outro lado, em novembro de 2006 um ataque cardíaco fez com que Jerry Bails abandonasse para sempre o nosso convívio. Dito tudo isso, finalizamos esse artigo dedicando-o a esses dois sujeitos notáveis que, no final das contas, não passavam de fanboys tão apaixonados por quadrinhos quanto qualquer um de nós! E tenho dito!

P.S.1: Caso alguém tenha curiosidade em ler A Caverna das Esferas Fatais eu recomendo a compra de Arquivo DC - Liga da Justiça, uma compilação de 548 páginas em preto-e-branco que reúne as primeiras aventuras da Liga, inclusive esta tão debatida por nós aqui. Para quem gosta do lado histórico dos quadrinhos americanos essa revista é simplesmente imperdível!

P.S.2: Se alguém quiser saber mais sobre outras "participações especiais" de Roy Thomas em outras HQs modestamente recomendo a leitura do artigo O Halloween dos Super-Herois, artigo de minha lavra publicado no HQManiacs.

Fontes:
Justice League Companion
Silver Age Comics

domingo, 2 de outubro de 2011

Retrospectiva: os setenta anos de Aquaman, o Senhor dos Sete Mares!


Certas coisas realmente nos pegam de surpresa... Visitando o sempre agradável Omelete me deparei com uma notícia deveras interessante: esta semana o Senhor dos Setes Mares ― mais conhecido como Aquaman ― está assoprando setenta velinhas! Esta é ou não é uma data alvissareira? E o Aquaman merece ou não merece uma rápida retrospectiva da sua carreira? Claro que merece, baby...


O Senhor dos Sete Mares se apresentou ao mundo pela primeira vez em setembro de 1941, em uma aventura de oito páginas escrita por Mort Weisinger e desenhada por Paul Norris, que foi publicada no gibi More Fun Comics #73. Nesse pequena aventura descobrimos que após vários anos de exploração um cientista (cujo nome nunca foi citado) descobriu os restos da submersa Atlântida, e se valendo dos registros cientificos encontrados na mítica cidade ele concedeu ao seu filho (cujo nome também nunca foi citado!) o dom de respirar debaixo da água e de se comunicar com a fauna marinha. Rigorosamente falando, naquele momento (com a Segunda Guerra Mundial tocando fogo no mundo inteiro e os quadrinhos não se prestando exatamente a grandes "sofisticações intelectuais") apenas a alcunha "Aquaman" era mais do suficiente para o personagem, cujos inimigos basicamente eram nazistas ou japoneses que aterrorizavam os mares durante a durante aquele período.


Em 1946 Aquaman "migrou" de More Fun Comics e passou a ser personagem de fundo da revista Adventure Comics ― que era estrelada pelo adorável Superboy ― onde viveu as suas aventuras de forma ininterrupta até 1961. Aliás, esse é um fato que descata o Senhor dos Setes Mares da maioria dos super-herois americanos criados nos anos quarenta: após o fim da Segunda Guerra o gênero "super-heroi" passou por uma forte retração e a maioria dos herois daquela época tiveram a publicação de suas histórias sumariamente suspensa, fato que não ocorreu com o heroi submarino. Mas, fica a pergunta no ar: como eram as histórias do Aquaman nos anos cinquenta?

Bem, não podemos afirmar que as aventuras do heroi submarino eram exatamente "clássicos" da Nona Arte. Essencialmente o Senhor dos Sete Mares encarava um ou outro monstro marinho e muitos, muitos piratas modernos, sendo que o mais destacado deles era o esquisitissimo (pelo menos para os padrões de hoje!) Capitão Black Jack. E, se falamos de inimigos não podemos nos esquecer dos amigos, que no caso do Aquaman eram a foquinha Ark e o polvo Topo, sempre dispostos a auxiliá-lo no combate ao crime.


Em meados dos anos cinquenta o editor Julius Schwartz comandou um revival dos super-herois, detonando a chamada Era de Prata dos Quadrinhos Americanos. Novos herois foram criados a partir de antigos personagens dos anos quarenta (no caso, Lanterna Verde, Elektron, Gavião Negro e Flash) e aqueles que estavam na ativa foram sutilmente reformulados, o que era justamente o caso do Aquaman, que teve a sua origem recontada na história "How Aquaman Got His Powers", concebida por Robert Bernstein e Ramona Fradon (uma das rarissimas mulheres que trabalhavam na indústria quadrinistica naquela época) e publicada em 1959 na revista Adventure Comics #260.


Nessa história é relevado que o verdadeiro nome do heroi é Arthur Curry, filho do ex-marinheiro e faroleiro Tom Curry com Atlanna, uma exilada princesa oriunda da Atlândida. De sua mãe, o pequeno Arthur herdou a capacidade de sobreviver nas profundezas marinhas e o direito ao trono da legendária cidade submarina; de seu pai, a força de cárater que o levou a se tornar um combatente do crime e protetor dos mares.


Com o advento da Era de Prata e a reconquista do prestigio dos super-herois a popularidade de Aquaman foi elevada, em parte graças a sua participação na Liga da Justiça da América (o principal super-grupo da DC Comics), que estreou em 1960 no gibi The Brave and the Bold #29. Ah, uma pequena curiosidade: The Brave and the Bold #29 foi o primeira revista em quadrinhos a trazer o Senhor dos Sete Mares na capa, já que desde e a sua primeira aparição ele se restringiu a ser apenas personagem de fundo dos gibis Adventure Comics e More Fun Comics! Todavia, nos anos sessenta essa situação mudaria, já que uma pleiade de artistas constituida por nomes como Bob Haney, Nick Cardy, Steve Skeates e Jack Miller expandiriam o universo do personagem.


A revista Adventure Comics #269 trouxe a estreia de Aqualad, o parceiro-mirim do Senhor dos Sete Mares, e finalmente em 1962 o heroi ganhou um titulo-solo, sendo que a partir desse ano além de obviamente aparecer em sua própria revista o personagem passou a ser figurinha carimbada nos gibis Justice League of America e World's Finest (revista que trazia aventuras do Superman e Batman). Nada mau, não é mesmo? Para completar toda essa felicidade só faltava uma companheira para o Aquaman...


Em meados de 1963 surge na revista Aquaman #11 Mera, uma bela princesa oriunda de uma dimensão aquática, e rapidamente o nosso heroi engata um romance com ela. Tão rápido foi esse namoro que no final de 1964 o Senhor dos Sete Mares se casou com a moça em Aquaman #18, se tornando um dos primeiros super-herois a oficialmente fazer parte do rol dos "homens sérios"! E não contente apenas com a cerimônia de casamento menos de um ano depois Aquaman e Mera tiveram um pimpolho, proverbialmente batizado com o nome de Arthur Curry Jr. e mais conhecido por todos como Aquababy, sendo que ele foi apresentado aos fãs em Aquaman #23.


Em 1966 Orm Marius (o invejoso meio-irmão por parte de pai do nosso heroi) deu o ar da graça em Aquaman #29, assumindo a vilanesca identidade de Mestre dos Oceanos e se tornando um dos maiores adversarios de Aquaman. E nem a aparição da adorável Aquamoça (eventual parceira e namorada de Aqualad) em Aquaman #33 aliviou a barra para o nosso heroi, já que em 1967 o Senhor dos Sete Mares encarou pela primeira vez o terrorista Arraia Negra, aquele que provavelmente é o seu inimigo mais conhecido pelos fãs.


A vida de Aquaman parecia bem agitada, porém isso não se refletia nas vendas do seu gibi, que foi cancelado em 1971 após a quinquagésima-sexta edição. Durante um tempo as aparições do heroi submarino se restringiram ao gibi da Liga da Justiça, mas vocês sabem como são as coisas... Papai do Céu fecha uma porta e abre uma janela. Ainda em 1968 o Senhor dos Sete Mares ganhou alguns episódios animados no programa televisivo The Superman/Aquaman Hour of Adventure, o que certamente tornou-o mais conhecido para o público em geral. Assistam a abertura desse simpático desenho:


Porém, a fama do heroi aquatico realmente atingiu os mais elevados píncaros da glória graças a sua participação no inesquecível Superamigos, um desenho animado que serviu de introdução ao Universo DC para milhares de moleques no mundo inteiro, inclusive este imodesto blogueiro que vos fala agora! Se você passou dos trinta anos, reveja a abertura desse genuino clássico da televisão e, por favor, contenha as lágrimas de emoção:


O sucesso do personagem na televisão motivou a DC Comics dar-lhe uma nova chance nos gibis, e assim em 1975 ele retornou para Adventure Comics, onde passou a ter novas historias concebidas pelos artistas Jim Aparo, David Michelinie e Paul Levitz. E essa turma tratou de radicalizar as coisas para o lado do Senhor dos Setes Mares.


Em Adventure Comics #452 (lançada em 1977) o Arraia Negra sequestrou o Aquababy, e o impensável aconteceu: o vilão assassinou o filho do heroi! Convenhamos: se é raro super-herois terem filhos, mais raro ainda é os leitores presenciarem o assassinato deles, o que de certa forma torna essa história um pequeno marco dentro do Universo DC. E, além disso, uma pequena curiosidade cerca essa aventura: no decorrer dela é revelado que, literalmente fazendo jus ao nome o Arraia Negra é... negro! Mas, apesar do falecimento de seu filho a vida seguiu para o Senhor dos Sete Mares.
Ainda em 1977 Aquaman voltou a ter um titulo próprio, que durou apenas sete edições, e no transcorrer dos anos oitenta as suas aparições ficaram restritas a pequenas aventuras-solo nos gibis Adventure Comics, World's Finest e Action Comics, além das óbvias participações nas histórias da Liga da Justiça, que ele chegou a liderar durante a famosa (ou infame, vai saber) "Fase Detroit" da super-equipe.


Em 1985 a DC Comics detonou a maxisserie Crise nas Infinitas Terras, com o objetivo de reiniciar todo o seu universo ficticio do zero. Essa foi a "deixa" para a concepção de uma nova origem para o Aquaman, que foi desenvolvida durante os anos oitenta e noventa por gente como Keith Giffen, Curt Swan, Shaun McLaughlin, Ken Hooper e Peter David.


Em sua nova origem o nosso heroi era filho da Princesa Atlanna (herdeira do trono de Poseidonis e Tritonis, duas cidades criadas a partir da submersão da Atlândida original três mil anos atras) com Atlan, um poderoso e ancestral feiticeiro que sobreviveu a hecatombe que destruiu o mitico reino. Assim que nasceu, além de receber o nome de Orin o pequeno Aquaman foi abandonado a própria sorte em um coral, já que os atlantes acreditavam que os cabelos loiros do pequerrucho eram um sinal de uma maldição que traria a desgraça para todo o povo submarino. Milagrosamente o bebê sobreviveu e viveu uma vida no melhor estilo "Mogli" (chegando inclusive a conviver durante um bom tempo com golfinhos), até que na adolescência ele foi encontrado por um faroleiro chamado Arthur Curry, que além de criá-lo e ensinar-lhe noções básicas de convivio com seres humanos batizou-o com o próprio nome. Posteriormente, o faroleiro desapereceu e Aquaman voltou a viver no mar, encontrando a cidade de Poseidonis, sendo que a partir desse momento ele viveu uma vida muito similar aquela retratada nos gibis dos anos sessenta e setenta, porém com algumas mudanças, digamos assim, drásticas...
O Mestre dos Oceanos continuou a ser seu meio-irmão por parte de pai, já que durante um tempo Atlan "deu umas ciscadas" no Pólo Norte e acabou engravidando uma esquimó por lá. Coincidentemente, durante a sua adolescência o nosso heroi também deu uma passadinha por lá, e também engravidou uma esquimó! Anos depois o Senhor dos Sete Mares reecontrou o moleque já crescido e batizado com o nome de Koryak, entretanto essa certamente não foi a mudança mais radical na sua vida. O pior ainda estava por vir...


Em 1994 Aquaman ganhou um novo gibi-solo, com os roteiros a cargo de Peter David. O veterano escritor radicalizou o status o personagem: deixou o cabelo e a barba dele crescer, conferiu-lhe uma personalidade pra-la-de-geniosa e, não contente com isso fez com que a sua mão esquerda fosse devorada por piranhas e substituiu-a por um arpão retrátil! Ah, e antes que nos esqueçamos: Aqualad, o eterno parceiro-mirim do heroi desenvolveu poderes misticos e mudou o seu nome para Tempest.

O "novo" Aquaman fez um certo sucesso entre os fãs, tanto que essa série durou setenta e sete edições, encerrando-se em 2001 e se tornando a mais longa do personagem.


Em 2003 o heroi submarino voltou a estrelar uma série própria, e nela o escritor Rick Veitch cortou a barba e cabelo do Senhor dos Sete Mares e trocou o arpão por uma mão mágica e aquosa, além de discretamente vinculá-los aos mitos arturianos. Afinal de contas, o personagem se chama Arthur e é um rei, que nem o soberano de Camelot, ora bolas! Porém, essa série não foi exatamente um sucesso, e a DC Comics decidiu sacudir de vez as coisas para o lado.


Tirando proveito da saga Crise Infinita Uma nova tentativa de dar relevância ao heroi foi realizada em 2006, quando a série do personagem foi rebatizada com o nome Aquaman: Sword of Atlantis (Aquaman: Espada da Atlântida). Nessa nova direção o escritor Kurt Busiek fez com que o personagem perdesse a memória e se transforma-se em uma monstruosa (porém benigna) entidade conhecida como "Morador das Profundezas", enquanto o manto de protetor dos mares passou a ser envergado por Arthur Joseph Curry, um jovem xará que ganhou poderes aquáticos após uma série de experimentos científicos empreendidos pelo seu pai. De certa forma, o personagem voltou a ter uma origem muita próxima aquela concebida nos anos quarenta, mas isso decididamente não foi um atrativo para os fãs, já que a série foi cancelada após a quinquagésima-sétima edição, não sem antes revelar que Arthur Joseph era na realidade um portador de parte da alma do Aquaman original, que havia migrado para ele no final de Crise Infinita. Quanto ao Aquaman original, ele foi assassinado no transcorrer de Sword of Atlantis e aparentemente encontrou o descanso final. Mas... Sempre há um "mas"...


Durante a saga A Noite mais Densa as forças da Vida e da Morte ressuscitaram o heroi aquático, e novas perspectivas se abriram para ele. Dito isso, em setembro de 2011 o Senhor dos Sete Mares ganhou uma nova série mensal, escrita pelo renomado escritor Geoff Johns e desenhada pelo brasileiro Ivan Reis. Essa revista promete introduzir o personagem para uma nova geração de leitores, e coincidentemente ela foi lançada na semana em que o Aquaman comemorava setenta anos de existência. E tomara que isso seja um bom augúrio para o heroi submarino e que ele retome o sucesso que merece! Dito isso, nos despedimos com uma "homenagem" que a rapaziada do seriado televisivoBig Bang Theory fez ao Senhor dos Sete Mares. Até a próxima!



Fontes:
Wikipedia - Aquaman - em português
Wikipedia - Aquaman - em inglês
Aqua Wikia
Aquaman Shrine

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Top Five: Cinco Livros Obrigatorios sobre Quadrinhos

Meus caros, confesso: além de adorar gibis, tenho uma paixão louca e ensandecida por livros. E quando são lançados aqui no Brasil livros que tratam especificamente sobre a Nona Arte, aí então é que a minha já combalida carteira sofre! Todavia, apesar dos eventuais prejuízos financeiros eu lamento profundamente que aqui na nossa terrinha tão poucos livros dedicados ao estudo da história e mercado dos quadrinhos sejam lançados, principalmente quando comparamos a quantidade de material disponível para os fãs americanos com a oferta infima de obras que são disponibilizadas em português. Dito isso, irei relacionar aqui cinco livros publicados no Brasil nos últimos dez anos que versam sobre quadrinhos. Na minha imodestissima opinião tais livros são presença obrigatória na biblioteca de qualquer nerd gibizeiro, e acredito que é perfeitamente possível encontrá-los em sitios como Estante Virtual ou Submarino


Mangá - Como o Japão Reinventou os Quadrinhos


Paul Gravett é um renomado escritor, jornalista e pesquisador britânico, e no livro Mangá - Como o Japão Reinventou os Quadrinhos ele esmiuça de maneira detalhada as origens, gêneros e tendências dos quadrinhos produzidos na Terra do Sol Nascente. Rica em informações e ilustrações, essa obra lançada pela Conrad Editora é fundamental mesmo para aqueles que não são apaixonados pelos quadrinhos japoneses.


Desvendando os Quadrinhos


Afinal de contas, do que são feitos os Quadrinhos? O que de fato diferencia a Nona Arte das demais? O roteirista, desenhista e pesquisador Scott McLoud se propõe a responder a essas e outras perguntas em Desvendando os Quadrinhos, uma brilhante e divertida graphic novel publicada pela M. Books que tem como objetivo demonstrar as quase infinitas possibilidades dos Quadrinhos como meio de expressão. Aliás, do mesmo autor também recomendamos vivamente as obras Desenhando Quadrinhos e Reinventando os Quadrinhos.


Quando Surgem os Super-Herois


Dizem por aí que não é muito bonito tentar vender o peixe dos amigos, mas o que eu posso fazer? O livro Quando Surgem os Super-Herois ― escrito pelo meu parceiro e mestre Roberto Guedes e lançado pela extinta Opera Graphica Editora ― é uma acessível e divertidissima introdução a História das Histórias em Quadrinhos de super-heróis, cobrindo um período de vai da década de trinta até o início dos anos setenta. Para quem quiser saber mais sobre a origem de inúmeros herois que hoje são conhecidos no mundo inteiro esse livro é mais do que recomendado, assim como A Era de Bronze dos Super-Herois (que foca a produção quadrinistica estadunidense dos anos setenta e oitenta e foi publicado pela HQM Editora) e Quando Surgem os Super-Herois Brasileiros (um olhar sobre produção super-heroistica brasileira), do mesmo autor.


A Guerra dos Gibis


A gênese dos suplementos infantis e das revistas em quadrinhos no Brasil é retratada de maneira brilhante nesse livro escrito pelo jornalista Gonçalo Junior que, através do relato da vida de Adolfo Aizen (o fundador da saudosa Editora Ebal) mostra os percalços que a Nona Arte passou no Brasil entre os anos trinta e setenta. Do mesmo autor também são recomendadíssimos os livros O Homem-Abril (que mostra detalhes fascinantes da trajetória da Editora Abril) e Maria Erótica e o Clamor do Sexo, um olhar sobre a produção brasileira de quadrinhos eróticos nos anos setenta.


Homens do Amanhã - Geeks, Gângsteres e o Nascimento dos Gibis


Por favor, não reparem na capa completamente idiota, que retrata um garoto com cara de imbecil brincando com um monstrengo horroroso. Homens do Amanhã ― escrito pelo roteirista e pesquisador Gerard Jones ― é um dos melhores livros lançados até hoje sobre a História das Histórias em Quadrinhos, que é narrada através da vida de quatro figuras fundamentais para a explosão dos comics nos EUA pós-Grande Depressão: Harry Donenfeld, Jack Liebowitz (ambos fundadores da DC Comics) , Jerry Siegel e Joe Shuster (para quem não sabe, os criadores do Superman). Não contente com isso, Jones ainda premia os leitores com histórias ora tristes, ora engraçadas de artistas do naipe de Stan Lee, Jack Kirby, Jack Cole, Bob Kane, William Moulton Marston, Jerry Robinson e muitos outros. Resumindo: mais do que obrigatório!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Opinião: A minha homenagem a Sergio Bonelli...


Assim é a Vida... Alguns chegam, e outros infelizmente vão embora para sempre. E a última situação infelizmente se aplica a Sergio Bonelli, autor e editor italiano fortemente relacionado com alguns dos personagens mais populares já produzidos pelo quadrinho italiano e que hoje abandonou o nosso convívio.


Estou longe de ser a pessoa mais qualificada para falar qualquer coisa sobre a carreira de Bonelli (não sou especialmente versado nos fumetti italiano), porém posso afirmar que é inegável que personagens como Tex Willer, Mister No, Zagor, Martin Mystére, Natan Never, Mágico Vento e tantos outros em um momento ou outro nos trouxeram aquilo que basicamente procuramos em um gibi: diversão, alegria e eventualmente, momentos de reflexão. Dito isso, me despeço com alguns links que trazem informações sobre a passamento e, principalmente, sobre a vida de Sergio Bonelli. E fiquem também com a linda homenagem feita por Mauricio de Sousa ecom um video que relembra a obra desse grande artista





sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Opinião 022 - Assim os Quadrinhos chegaram a mim... ou, a Origem Secreta de um Nerd!



Pois é, meus queridos... Este é o centésimo post deste simpático blog, e em comemoração a este número tão alvissareiro decidi escrever um texto diferente do habitual... Ao invés de trazer fatos pitorescos do Mundo Encantado da Nona Arte decidi compartilhar com vocês a história da minha vida... Tá, "história da minha vida" é uma expressão exagerada... Na verdade, relatarei aqui como eu me iniciei nos Quadrinhos... Vamos lá!

Tudo começou no final dos anos setenta, na longinqua São Vicente, uma cidade do litoral paulista... A Vida era dura pra chuchu lá em casa, mas minha mãe sempre dava um jeitinho para comprar um ou outro gibi para mim, e graças as páginas coloridas dessas revistas eu aprendi os rudimentos da Lingua Portuguesa. Nessa época minha "dieta literária" era baseada em revistas da Disney e do Maurico de Sousa, mas minhas distrações não se restringiam única e exclusivamente a Leitura... Um indefectível televisor branco e preto de catorze polegadas abrilhantava a sala de nosso humilde lar, e através de sua tela eu conheci o desenho animado dos Superamigos, o seriado live-action do Superman (aquele, produzido nos anos cinquenta), a série televisiva do Hulk e a primeira série animada do Homem-Aranha.

Um dia teses acadêmicas serão produzidas explicando o fascínio que o Homem-Aranha exerce sobre tanta gente, e talvez eu finalmente entenda o que me levou a ficar perdidamente apaixonado pelo Escalador de Paredes assim que eu o vi na televisão, em especial em um comercial veiculado na Rede Globo que anunciava um gibi cuja capa está reproduzida logo abaixo:



Como uma tipica criança mimada eu enchi o saco da minha mãe, exigindo que ela me comprasse esse gibi. Atendendo aos meus apelos infantis a "velha" adquiriu a revista para mim, e assim tive em mãos a primeira revista de super-heróis da minha vida! Composta por aventuras curtas, grossas e muito boas do Escalador de Paredes em parcerias com outros heróis publicadas originalmente na revista Marvel Team-Up, esse gibi me deixou marcas indeléveis na memória afetiva, porém não foi ele que de fato me "fisgou" para os quadrinhos... Na verdade o meu "arrebatamento" ocorreu alguns anos depois...

Como eu disse anteriormente, a minha mamãezinha sempre me comprava alguns gibis, e de vez em quando vinha uma ou outra revista de herói entre as "tralhas" compradas pela "velha"... Cumprindo esse antigo hábito no final de 1982 a genitora desse blogueiro que vos fala me trouxe uns quatro ou cinco gibizinhos, e entre eles estava o Almanaque do Hulk #9 (publicado pela RGE, antigo nome da Editora Globo), que curiosamente não trazia nenhuma história do Gigante Esmeralda. Em compensação, a revista era totalmente preenchida por aventuras de um grupo de super-heróis diferente de tudo que eu tinha visto até então... Essa equipe era nada mais nada menos que os Fabulosos Xis-Men!


Xis-Men!? Sim, meus queridos, durante anos eu chamei os pupilos do Professor Xavier de Xis-Men! Ora bolas, um moleque de oito anos não tem obrigação de saber a pronúncia correta das letras em Inglês, caramba! Mas, vamos parar de falar sobre pronúncias certas ou erradas... O que importa mesmo são as emoções arrebatadoras que tive ao ler as histórias contidas no Almanaque do Hulk #9... Imaginem o que é para um moleque ver pela primeira vez um cara com "unhas" que podem rasgar qualquer coisa... Um sujeito que dispara raios pelos olhos... Uma negona linda de cabelos brancos... Um grandalhão que virava aço... Um ruivo cujo poder era gritar feito um louco... Um azulão esquisito que parecia ter saído do Inferno... E ainda por cima nessas histórias eles salvam o Japão da destruição total e vão parar no Canadá, onde encaram um grupo tão esquisito quanto eles! Pelamordedeus, eu fiquei vidrado nos "Xis-Men" de cara! Porém, após terminar a leitura eu mal sabia que levaria sete meses para revê-los...

Em meados de 1983 todos os personagens da Marvel Comics passaram a ser publicados única e exclusivamente pela Editora Abril, que fez uma grande propaganda do fato em todas as suas revistas em quadrinhos. Lendo uma revista do Pato Donald tomei conhecimento disso, e juntando a minha velha paixão pelo Aracnídeo com alguns caraminguás gentilmente cedidos pela minha tia-avó eu comprei a revista Homem-Aranha #1...


Esse gibi trazia uma aventura produzida por Denny O'Neil e Frank Miller onde o Amigão da Vizinhança encarava o Justiceiro e o Dr. Octopus e, é claro, fiquei completamente alucinado quando terminei de lê-la. E também fiquei especialmente exultante quando descobri que a revista Superaventuras Marvel #14 traria nada mais nada menos que o super-grupo que conheci no final de 1982, os Xis-Men!


Ai, meus caros, juntando os centavinhos comprei a dita revista e adorei cada página dela, e minha curiosidade acerca de outros personagens da Casa das Ideias foi crescendo, sendo estimulada em parte pelos famosos desenhos desanimados da Marvel, que coincidentemente eram reprisados pela Rede Globo naquela época. De curiosidade em curiosidade, desde 1983 vinte e sete dos meus trinta e seis anos de vida foram exercidos na condição de fanboy inveterado. Quando essa história vai terminar? Não sei, só espero que ela seja o mais longa possível, e até o final dela eu pretendo contar com a companhia de vocês! Dito isso, assistam a abertura dos desenhos desanimados da Marvel e, como diria o poeta... Até a próxima!