domingo, 2 de outubro de 2011
Retrospectiva: os setenta anos de Aquaman, o Senhor dos Sete Mares!
Certas coisas realmente nos pegam de surpresa... Visitando o sempre agradável Omelete me deparei com uma notícia deveras interessante: esta semana o Senhor dos Setes Mares ― mais conhecido como Aquaman ― está assoprando setenta velinhas! Esta é ou não é uma data alvissareira? E o Aquaman merece ou não merece uma rápida retrospectiva da sua carreira? Claro que merece, baby...
O Senhor dos Sete Mares se apresentou ao mundo pela primeira vez em setembro de 1941, em uma aventura de oito páginas escrita por Mort Weisinger e desenhada por Paul Norris, que foi publicada no gibi More Fun Comics #73. Nesse pequena aventura descobrimos que após vários anos de exploração um cientista (cujo nome nunca foi citado) descobriu os restos da submersa Atlântida, e se valendo dos registros cientificos encontrados na mítica cidade ele concedeu ao seu filho (cujo nome também nunca foi citado!) o dom de respirar debaixo da água e de se comunicar com a fauna marinha. Rigorosamente falando, naquele momento (com a Segunda Guerra Mundial tocando fogo no mundo inteiro e os quadrinhos não se prestando exatamente a grandes "sofisticações intelectuais") apenas a alcunha "Aquaman" era mais do suficiente para o personagem, cujos inimigos basicamente eram nazistas ou japoneses que aterrorizavam os mares durante a durante aquele período.
Em 1946 Aquaman "migrou" de More Fun Comics e passou a ser personagem de fundo da revista Adventure Comics ― que era estrelada pelo adorável Superboy ― onde viveu as suas aventuras de forma ininterrupta até 1961. Aliás, esse é um fato que descata o Senhor dos Setes Mares da maioria dos super-herois americanos criados nos anos quarenta: após o fim da Segunda Guerra o gênero "super-heroi" passou por uma forte retração e a maioria dos herois daquela época tiveram a publicação de suas histórias sumariamente suspensa, fato que não ocorreu com o heroi submarino. Mas, fica a pergunta no ar: como eram as histórias do Aquaman nos anos cinquenta?
Bem, não podemos afirmar que as aventuras do heroi submarino eram exatamente "clássicos" da Nona Arte. Essencialmente o Senhor dos Sete Mares encarava um ou outro monstro marinho e muitos, muitos piratas modernos, sendo que o mais destacado deles era o esquisitissimo (pelo menos para os padrões de hoje!) Capitão Black Jack. E, se falamos de inimigos não podemos nos esquecer dos amigos, que no caso do Aquaman eram a foquinha Ark e o polvo Topo, sempre dispostos a auxiliá-lo no combate ao crime.
Em meados dos anos cinquenta o editor Julius Schwartz comandou um revival dos super-herois, detonando a chamada Era de Prata dos Quadrinhos Americanos. Novos herois foram criados a partir de antigos personagens dos anos quarenta (no caso, Lanterna Verde, Elektron, Gavião Negro e Flash) e aqueles que estavam na ativa foram sutilmente reformulados, o que era justamente o caso do Aquaman, que teve a sua origem recontada na história "How Aquaman Got His Powers", concebida por Robert Bernstein e Ramona Fradon (uma das rarissimas mulheres que trabalhavam na indústria quadrinistica naquela época) e publicada em 1959 na revista Adventure Comics #260.
Nessa história é relevado que o verdadeiro nome do heroi é Arthur Curry, filho do ex-marinheiro e faroleiro Tom Curry com Atlanna, uma exilada princesa oriunda da Atlândida. De sua mãe, o pequeno Arthur herdou a capacidade de sobreviver nas profundezas marinhas e o direito ao trono da legendária cidade submarina; de seu pai, a força de cárater que o levou a se tornar um combatente do crime e protetor dos mares.
Com o advento da Era de Prata e a reconquista do prestigio dos super-herois a popularidade de Aquaman foi elevada, em parte graças a sua participação na Liga da Justiça da América (o principal super-grupo da DC Comics), que estreou em 1960 no gibi The Brave and the Bold #29. Ah, uma pequena curiosidade: The Brave and the Bold #29 foi o primeira revista em quadrinhos a trazer o Senhor dos Sete Mares na capa, já que desde e a sua primeira aparição ele se restringiu a ser apenas personagem de fundo dos gibis Adventure Comics e More Fun Comics! Todavia, nos anos sessenta essa situação mudaria, já que uma pleiade de artistas constituida por nomes como Bob Haney, Nick Cardy, Steve Skeates e Jack Miller expandiriam o universo do personagem.
A revista Adventure Comics #269 trouxe a estreia de Aqualad, o parceiro-mirim do Senhor dos Sete Mares, e finalmente em 1962 o heroi ganhou um titulo-solo, sendo que a partir desse ano além de obviamente aparecer em sua própria revista o personagem passou a ser figurinha carimbada nos gibis Justice League of America e World's Finest (revista que trazia aventuras do Superman e Batman). Nada mau, não é mesmo? Para completar toda essa felicidade só faltava uma companheira para o Aquaman...
Em meados de 1963 surge na revista Aquaman #11 Mera, uma bela princesa oriunda de uma dimensão aquática, e rapidamente o nosso heroi engata um romance com ela. Tão rápido foi esse namoro que no final de 1964 o Senhor dos Sete Mares se casou com a moça em Aquaman #18, se tornando um dos primeiros super-herois a oficialmente fazer parte do rol dos "homens sérios"! E não contente apenas com a cerimônia de casamento menos de um ano depois Aquaman e Mera tiveram um pimpolho, proverbialmente batizado com o nome de Arthur Curry Jr. e mais conhecido por todos como Aquababy, sendo que ele foi apresentado aos fãs em Aquaman #23.
Em 1966 Orm Marius (o invejoso meio-irmão por parte de pai do nosso heroi) deu o ar da graça em Aquaman #29, assumindo a vilanesca identidade de Mestre dos Oceanos e se tornando um dos maiores adversarios de Aquaman. E nem a aparição da adorável Aquamoça (eventual parceira e namorada de Aqualad) em Aquaman #33 aliviou a barra para o nosso heroi, já que em 1967 o Senhor dos Sete Mares encarou pela primeira vez o terrorista Arraia Negra, aquele que provavelmente é o seu inimigo mais conhecido pelos fãs.
A vida de Aquaman parecia bem agitada, porém isso não se refletia nas vendas do seu gibi, que foi cancelado em 1971 após a quinquagésima-sexta edição. Durante um tempo as aparições do heroi submarino se restringiram ao gibi da Liga da Justiça, mas vocês sabem como são as coisas... Papai do Céu fecha uma porta e abre uma janela. Ainda em 1968 o Senhor dos Sete Mares ganhou alguns episódios animados no programa televisivo The Superman/Aquaman Hour of Adventure, o que certamente tornou-o mais conhecido para o público em geral. Assistam a abertura desse simpático desenho:
Porém, a fama do heroi aquatico realmente atingiu os mais elevados píncaros da glória graças a sua participação no inesquecível Superamigos, um desenho animado que serviu de introdução ao Universo DC para milhares de moleques no mundo inteiro, inclusive este imodesto blogueiro que vos fala agora! Se você passou dos trinta anos, reveja a abertura desse genuino clássico da televisão e, por favor, contenha as lágrimas de emoção:
O sucesso do personagem na televisão motivou a DC Comics dar-lhe uma nova chance nos gibis, e assim em 1975 ele retornou para Adventure Comics, onde passou a ter novas historias concebidas pelos artistas Jim Aparo, David Michelinie e Paul Levitz. E essa turma tratou de radicalizar as coisas para o lado do Senhor dos Setes Mares.
Em Adventure Comics #452 (lançada em 1977) o Arraia Negra sequestrou o Aquababy, e o impensável aconteceu: o vilão assassinou o filho do heroi! Convenhamos: se é raro super-herois terem filhos, mais raro ainda é os leitores presenciarem o assassinato deles, o que de certa forma torna essa história um pequeno marco dentro do Universo DC. E, além disso, uma pequena curiosidade cerca essa aventura: no decorrer dela é revelado que, literalmente fazendo jus ao nome o Arraia Negra é... negro! Mas, apesar do falecimento de seu filho a vida seguiu para o Senhor dos Sete Mares.
Ainda em 1977 Aquaman voltou a ter um titulo próprio, que durou apenas sete edições, e no transcorrer dos anos oitenta as suas aparições ficaram restritas a pequenas aventuras-solo nos gibis Adventure Comics, World's Finest e Action Comics, além das óbvias participações nas histórias da Liga da Justiça, que ele chegou a liderar durante a famosa (ou infame, vai saber) "Fase Detroit" da super-equipe.
Em 1985 a DC Comics detonou a maxisserie Crise nas Infinitas Terras, com o objetivo de reiniciar todo o seu universo ficticio do zero. Essa foi a "deixa" para a concepção de uma nova origem para o Aquaman, que foi desenvolvida durante os anos oitenta e noventa por gente como Keith Giffen, Curt Swan, Shaun McLaughlin, Ken Hooper e Peter David.
Em sua nova origem o nosso heroi era filho da Princesa Atlanna (herdeira do trono de Poseidonis e Tritonis, duas cidades criadas a partir da submersão da Atlândida original três mil anos atras) com Atlan, um poderoso e ancestral feiticeiro que sobreviveu a hecatombe que destruiu o mitico reino. Assim que nasceu, além de receber o nome de Orin o pequeno Aquaman foi abandonado a própria sorte em um coral, já que os atlantes acreditavam que os cabelos loiros do pequerrucho eram um sinal de uma maldição que traria a desgraça para todo o povo submarino. Milagrosamente o bebê sobreviveu e viveu uma vida no melhor estilo "Mogli" (chegando inclusive a conviver durante um bom tempo com golfinhos), até que na adolescência ele foi encontrado por um faroleiro chamado Arthur Curry, que além de criá-lo e ensinar-lhe noções básicas de convivio com seres humanos batizou-o com o próprio nome. Posteriormente, o faroleiro desapereceu e Aquaman voltou a viver no mar, encontrando a cidade de Poseidonis, sendo que a partir desse momento ele viveu uma vida muito similar aquela retratada nos gibis dos anos sessenta e setenta, porém com algumas mudanças, digamos assim, drásticas...
O Mestre dos Oceanos continuou a ser seu meio-irmão por parte de pai, já que durante um tempo Atlan "deu umas ciscadas" no Pólo Norte e acabou engravidando uma esquimó por lá. Coincidentemente, durante a sua adolescência o nosso heroi também deu uma passadinha por lá, e também engravidou uma esquimó! Anos depois o Senhor dos Sete Mares reecontrou o moleque já crescido e batizado com o nome de Koryak, entretanto essa certamente não foi a mudança mais radical na sua vida. O pior ainda estava por vir...
Em 1994 Aquaman ganhou um novo gibi-solo, com os roteiros a cargo de Peter David. O veterano escritor radicalizou o status o personagem: deixou o cabelo e a barba dele crescer, conferiu-lhe uma personalidade pra-la-de-geniosa e, não contente com isso fez com que a sua mão esquerda fosse devorada por piranhas e substituiu-a por um arpão retrátil! Ah, e antes que nos esqueçamos: Aqualad, o eterno parceiro-mirim do heroi desenvolveu poderes misticos e mudou o seu nome para Tempest.
O "novo" Aquaman fez um certo sucesso entre os fãs, tanto que essa série durou setenta e sete edições, encerrando-se em 2001 e se tornando a mais longa do personagem.
Em 2003 o heroi submarino voltou a estrelar uma série própria, e nela o escritor Rick Veitch cortou a barba e cabelo do Senhor dos Sete Mares e trocou o arpão por uma mão mágica e aquosa, além de discretamente vinculá-los aos mitos arturianos. Afinal de contas, o personagem se chama Arthur e é um rei, que nem o soberano de Camelot, ora bolas! Porém, essa série não foi exatamente um sucesso, e a DC Comics decidiu sacudir de vez as coisas para o lado.
Tirando proveito da saga Crise Infinita Uma nova tentativa de dar relevância ao heroi foi realizada em 2006, quando a série do personagem foi rebatizada com o nome Aquaman: Sword of Atlantis (Aquaman: Espada da Atlântida). Nessa nova direção o escritor Kurt Busiek fez com que o personagem perdesse a memória e se transforma-se em uma monstruosa (porém benigna) entidade conhecida como "Morador das Profundezas", enquanto o manto de protetor dos mares passou a ser envergado por Arthur Joseph Curry, um jovem xará que ganhou poderes aquáticos após uma série de experimentos científicos empreendidos pelo seu pai. De certa forma, o personagem voltou a ter uma origem muita próxima aquela concebida nos anos quarenta, mas isso decididamente não foi um atrativo para os fãs, já que a série foi cancelada após a quinquagésima-sétima edição, não sem antes revelar que Arthur Joseph era na realidade um portador de parte da alma do Aquaman original, que havia migrado para ele no final de Crise Infinita. Quanto ao Aquaman original, ele foi assassinado no transcorrer de Sword of Atlantis e aparentemente encontrou o descanso final. Mas... Sempre há um "mas"...
Durante a saga A Noite mais Densa as forças da Vida e da Morte ressuscitaram o heroi aquático, e novas perspectivas se abriram para ele. Dito isso, em setembro de 2011 o Senhor dos Sete Mares ganhou uma nova série mensal, escrita pelo renomado escritor Geoff Johns e desenhada pelo brasileiro Ivan Reis. Essa revista promete introduzir o personagem para uma nova geração de leitores, e coincidentemente ela foi lançada na semana em que o Aquaman comemorava setenta anos de existência. E tomara que isso seja um bom augúrio para o heroi submarino e que ele retome o sucesso que merece! Dito isso, nos despedimos com uma "homenagem" que a rapaziada do seriado televisivoBig Bang Theory fez ao Senhor dos Sete Mares. Até a próxima!
Fontes:
• Wikipedia - Aquaman - em português
• Wikipedia - Aquaman - em inglês
• Aqua Wikia
• Aquaman Shrine
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2 comentários:
Muito bom, melhor do que a reportagem da Mundo Super heróis.
Apesar de não existir bons ou maus personagens, e sim bons e maus roteiros, o problema de aquaman é que fica limitado aos oceanos, e não é todas as histórias que passam pela água.
Lembro-me que detestava quando o Hulk só ficava no deserto ou na encruzilhada.
Mas afinal, o aquaman possui força sobrehumana? Qual a sua velocidade?
Seria legal em matérias como estas, baseada em um só personagem, esse tipo de informação, como altura, etc. Eu adorava quando a força dos heróis era medida por peso (exemplo: Thor 100 ton.)
Olá, gostei muito da matéria, mas senti falta da melhor história do Aquaman, onde Neal Pozner trabalha com maestria todos os elementos que compõe o personagem. Talvez o único pecado seja a mudança de uniforme, que acredito enfraquecer a força do ícone, mas ainda assim é de longe a melhor encarnação deste herói. Grande abraço,
Gabriel
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