terça-feira, 30 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 008: Os primeiros personagens homossexuais da Marvel!
Ah, o amor que não ousa dizer seu nome... Tema eternamente polêmico. Durante muito e muito tempo a indústria americana de quadrinhos fugiu dessa temática como o diabo foge da cruz, ainda mais quando nos anos cinqüenta o polêmico psiquiatra Fredric Wertham afirmou publicamente que o relacionamento entre Batman e Robin tinha implicações, digamos assim, carnais. Só que o tempo passa, o tempo voa, e um dia homossexuais precisariam ser retratados nos quadrinhos mainstream estadunidenses, e praticamente a primeira vez que a Marvel Comics trouxe homossexuais foi em uma aventura do Incrível Hulk.
A revista bimestral em preto-e-branco The Hulk! foi lançada em meados de 1978 na esteira do seriado televisivo do Gigante
Verde, que fazia um baita sucesso naquela época. Esse gibi procurava trazer histórias com um viés mais maduro e teve vinte e sete edições lançadas até 1981. A vigésima-terceira edição chegou as bancas em outubro de 1980 trazendo a história "A Very Personal Hell" (Um Inferno muito pessoal, em uma tradução livre), escrita por Jim Shooter e desenhada por John Buscema e Alfredo Alcala, e tal história abarcava uma enorme miríade de assuntos palpitantes. Moradores de rua, vício em drogas e violência doméstica foram problemas sociais francamente abordados por Shooter na aventura em questão, e para "apimentá-la" um pouco mais o então editor-chefe da Marvel pela primeira vez colocou personagens homossexuais em um gibi da Marvel. Eram coadjuvantes, é claro, já que naquela época ainda não era conveniente criar personagens homossexuais destacados. Até aí tudo bem, tudo legal, só que infelizmente Shooter acabou trocando os pés pelas mãos. Olhem só o que ele aprontou...
Em "A Very Personal Hell" Bruce Banner está em Nova York buscando como sempre uma cura para as suas transformações em Hulk. Durango como sempre, o bom Dr. Banner hospedou-se em uma sede da Associação Cristã de Moços, uma organização filantrópica famosa por dar abrigo para pessoas sem lar. Alojado na Associação, um belo dia o Dr. Banner foi ao banheiro comunitário da hospedaria tomar um banho quando deparou-se com dois tipos "estranhos" chamados Luellen e Dewey. Os dois "simpáticos" rapazes simpatizaram com o Doutor, dirigindo a ele "elogios" sobre a brancura e maciez da sua pele e apalpando-o "suavemente". O nosso herói obviamente "estranhou" a situação, e quando os dois rapazes constataram que Banner não estava a fim de "muita conversa", eles decidiram que seria de bom tom apontar uma faca para ele e forçá-lo a, digamos assim, "abrir-se" um pouco mais. Diante desse fato não restou a Bruce Banner outra opção a não ser transformar-se no seu gigantesco e verde alter ego para acabar de vez com as pretensões de "amizade" dos comunicativos rapazinhos. E assim acabou-se a carreira quadrinistica dos primeiros personagens homossexuais da Marvel Comics.
Pois é, sejamos politicamente corretos, mesmo porque um pouquinho de correção política não faz mal para ninguém: não existe nada mais ridículo que esterótipos. O esterótipo da "bichinha-delicadinha" por si só não ajuda em nada a dirimir preconceitos, e com certeza o esterótipo da "bicha-violenta-e-estupradora" só ajuda a aumentá-los. Não que o homossexual tenha que ser retratado única e exclusivamente como um anjo de candura e bondade; sabemos que o ser humano não é assim. O que realmente essa minoria precisa é ser retratada na mídia com toda a complexidade e nuances que fazem parte de qualquer pessoa, e infelizmente Jim Shooter não foi feliz nesse roteiro, tanto que em 1992 em uma entrevista o escritor Peter David (um dos caras que mais escreveu histórias do Hulk) declarou que "tal seqüência não fez muito pela Marvel, pelos gays, por Bruce Banner e principalmente pela Associação Cristã de Moços". Mas talvez possamos entender as razões que levaram Shooter a retratar dois homossexuais de forma tão esterotipada: segundo alguns boatos em meados dos anos oitenta Shooter declarou que a Marvel jamais teria heróis gays, e essa foi uma das razões que levaram o roteirista e desenhista John Byrne a sugerir a homossexualidade do herói canadense Estrela Polar de forma mais cifrada possível. Porém com o passar do tempo a cabeça de editores da Marvel e da DC mudou, Estrela Polar saiu de vez do armário e heróis e personagens coadjuvantes assumidamente gays começaram a pintar nas páginas dos quadrinhos americanos. Talvez um dia retomemos esse assunto aqui...
P.S.1: A história "A Very Personal Hell" foi publicada aqui no Brasil no gibi O Incrível Hulk #16, publicada pela Editora Abril em outubro de 1984, com o título "O Inferno de Cada Um", e espertamente os editores nacionais tiraram as referências sexuais mais explícitas da histórias quando a traduziram. Veja abaixo a capa desse gibi.
PS.2: A Associação Cristã de Moços é conhecida internacionalmente pelo nome "Young Men's Christian Association", ou para ser mais exato pela sigla YMCA. Se vocês se lembraram de uma certa canção imortalizada pela banda Village People, bem... Só podemos falar que os alegres rapazes do Village realmente homenagearam a prestigiosa organização com essa bela canção! Ouçam um pequeno trecho dela no vídeo abaixo:
Fonte:
Lonely Gods
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sábado, 27 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 007: A Carreira Musical do Homem-Aranha!
É absolutamente comum super-heróis dos quadrinhos migrarem para outras mídias, como o cinema, desenhos animados televisivos e até mesmo literatura. Também é comum músicos comporem músicas em homenagem ou que fazem algum tipo de referência aos heróis quadrinisticos, e bons exemplos disso são a e bons exemplos disso são a Sunshine Superman do roqueiro inglês sessentista Donovan e Homem-Aranha, do cantor brasileiro Jorge Vercilo. O que não é muito comum são os nossos amados personagens ganharem LP's totalmente dedicados à eles, e foi justamente isso que aconteceu com o Homem-Aranha! Não, não estamos falando aqui de trilhas sonoras de algum desenho animado, seriado ou filme, estamos falando de álbuns conceituais que foram escritos tendo como tema o bom e velho Escalador de Paredes ou, para ser mais exato, estamos falando de versões fonográficas das histórias do Cabeça-de-Teia!
A primeira versão fonográfica das aventuras do Homem-Aranha foi lançada em 1972 pela Buddah Records e tinha o sugestivo nome de Spider-Man: From Beyond the Grave, que poderia ser traduzido como Homem-Aranha: Além da Sepultura. Subtitulado como "A Rockomic" (Quadrinho Rock!?), esse álbum trazia uma áudio-novela entremeada por canções pop-rock compostas pelo produtor Stephen Lemberg e gravadas pelo grupo músical de estúdio Webspinners, e a seu objetivo era narrar uma história completa do Cabeça-de-Teia. Na tal história narrada no disco a Tia May é seqüestrada pelo Rei do Crime, e o Homem-Aranha tem que cortar um dobrado para salvá-la, contando inclusive com a improvável ajuda do Dr. Estranho! Demais, né? Para deixar tudo muito mais interessante a pessoa que comprasse o álbum ganhava de presente um encarte que trazia uma história em quadrinhos desenhada por John Romita Sr. e sem letras, para que os "leitores" pudessem acompanhar a aventura do herói aracnídeo enquanto o disco rodava na vitrola. Aliás, a capa e contra-capa do álbum foram também desenhadas por Romita Sr.
Recentemente From Beyond the Grave foi relançada oficialmente em formato .mp3, e é possível comprar as músicas desse disco no site CDBaby, e quem não tiver grana para adquirir essas gravações poder ter uma pequena amostra grátis delas no site TradeBit. Mas não pensem que a "carreira musical" do Aranha acabou por aí!
Em 1975 a LifeSong Records em parceria com a Marvel Comics botou nas prateleiras o álbum Spider-Man: Rock Reflections of a Superhero (Reflexões roqueiras de um Super-Herói !?). Praticamente uma ópera-rock em um estilo semelhante ao de Hair e Rock Horror Picture Show, o disco trazia canções de estilos musicais variados e ao contrário do seu antecessor ele era, digamos assim, ligeiramente mais pretensioso. Logo de cara tal pretensão pode ser vista na bela capa do disco, novamente desenhada por Romita Sr, que mostra Peter Parker em frente a um espelho na velha pose "eu-largo-ou-não-largo-a-vida-de-Homem-Aranha" e se extende pelas temas musicais registrados no álbum, que visam demonstrar os diversos estados emocionais pelos quais o nosso atormentado herói passou no transcorrer da sua carreira. Mais existencialista impossivel, não acham? Todavia o grande charme do disco são as faixas que narram a vida do Homem-Aranha, gravadas por ninguém mais ninguém menos que Stan Lee, que pelo visto caprichou na impostação shakesperiana a fim de dar um tom mais "dramático" para os percalços do Escalador de Paredes.
Diversos músicos de estúdio participaram das gravações desse álbum, entre eles os ainda-não famosos-na-época David Sanborn (renomado saxofonista jazzistico) e o cantor Barry Manillow (especialista em canções água-com-açucar), que apenas tocou piano no disco. O álbum não foi exatamente aquilo que poderíamos chamar de "sucesso", mas pelo visto muita gente gostou dele tanto que em 2000 ele foi relançado no formato CD. É relativamente fácil encontrá-lo em sites americanos de compra on-line, e aqueles que tiverem algum tipo de curiosidade sobre as músicas do disco e sobre as narrações do Stan Lee podem ouvir trecho das mesmas no site EMusic. Infelizmente este blogueiro que vos fala não sabe se esses álbuns algum dia foram lançados no Brasil, mas ele sabe uma coisinha: o Homem-Aranha não foi o único herói que "tentou" a sorte no mercado fonográfico! Entretanto, isso é assunto para outro post...
Fonte:
Wikipedia
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sábado, 20 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 006: O Dia em que os Beatles homenagearam o Superman!
O ano era 1967, e os Beatles dominavam o cenário musical daquela época. Alguns tempo antes os quatro rapazes de Liverpool decidiram parar com os shows ao vivo e concentraram sua energia criativa na gravação de um álbum que viraria de cabeça para baixo os conceitos que até então norteavam a música pop. Esse álbum era Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (algo como Sargento Pimenta e a Banda dos Corações Solitários) e muito poderia ser dito sobre as maravilhosas composições que compunham o disco, sobre as arrojadas técnicas aplicadas em sua gravação e sobre a a sua sensacional e psicodélica capa, mas esse tipo de análise cabe aos especialistas do gênero, e não ao pobre blogueiro que vos fala. O que cabe a esse blogueiro é registrar aqui que ― ainda que de maneira involuntária ― o Fab Four homenageou o Superman! Como!? "Nóis" vai explicar...
Em 21 de abril de 1967 os Beatles estavam finalizando Sgt. Pepper's, e por pura molecagem decidiram inserir alguns sons sem sentido no finalzinho do lado B do disco. Diálogos non-sense, barulhos esquisitos e até mesmo um assobio que somente poderia ser ouvido por cachorros foram misturados e remixados, e por fim registrados no final do álbum.
Lançado com pompa e circunstância em 02 de junho de 1967 nos EUA, Sgt Pepper's foi um tremendo sucesso artístico e comercial, e logo os fãs ― ah, os fãs ― escarafuncharam o álbum de todas as maneiras possíveis e imagináveis em busca de supostas "mensagens secretas" que os Beatles supostamente deixaram registradas no disco. Aí, eles se depararam com os sons esquisitos no final do disco ... Aí, eles tocaram esses sons de trás para frente... E aí eles descobriram uma mensagem secreta! Essa mensagem secreta era nada mais nada menos que:
We'll fuck you like Superman."
Para aqueles que não conhecem a Lingua Inglesa a frase acima poderia ser traduzida como "nós vamos foder vocês como o Superman". Lindo, não acham? Mas as interpretrações não param por aí, já que segundo alguns fãs tal frase na verdade seria "will Paul come back as Superman?" , que poderia ser traduzida como "Paul voltará como Superman?"., já que até hoje existem admiradores dos Beatles que acreditam piamente que Paul McCartney faleceu em meados dos anos sessenta! Mas isso é outra história...
Obviamente os Beatles ficaram surpresos quando tomaram conhecimento das "interpretações" que os fãs fizeram de sua brincadeirinha em Sgt. Pepper's. Paul McCartney decididamente não esperava por isso e seu colega John Lennon até que achou engraçada e encantadora essa situação. Para dirimir de vez essas dúvidas é melhor que a nossa audiência decida por si mesma se os Beatles "homenageram" ou não o Último Filho de Krypton em Sgt. Pepper's. Para tanto é só baixar o arquivo .mp3 que se encontra no link abaixo:
Ah, uma última "homenagem": O Superman participa da capa de Sgt. Pepper's, em foto-montagem feita por um fã americano.
Fonte:
Wiplash.net
The Beatles - A Biografia, escrita por Bob Spitz
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sábado, 13 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 005
Marv Wolfman x John Byrne
Acha estranho o título desse post? Bem, cabe a nós explicarmos em detalhes o motivo da "treta" entre Marv Wolfman e John Byrne, e iniciaremos nossa explicação com uma breve biografia do Sr. Wolfman.
Terrax estreou em Fantastic Four #211, em uma história escrita por Marv Wolfman e desenhada por John Byrne. O mais selvagem dos arautos de Galactus apareceu em destaque na capa de Fantastic Four #213.
Na sua infância Marv foi o típico nerd-obcecado-por-gibis, e nesse período da sua vida ele chegou inclusive a participar da elaboração de vários fanzines. Ainda muito jovem no final dos anos sessenta ele arrumou trabalho na DC Comics, e por lá escreveu os seus primeiros roteiros profissionais, todavia algumas divergências ideológico-criativas (que um dia iremos explicar aqui) o fizeram abandonar essa tradicional editora e procurar abrigo na Marvel Comics no início dos anos setenta. Na Marvel Wolfman fez de tudo um pouco: editou a linha de revistas em P&B da editora, durante um curto período assumiu o cargo de editor-chefe e escreveu muitos, muitos roteiros. Prolifíco, entre os gibis da Marvel cuja a elaboração do script ficou sob a responsabilidade de Marv este blogueiro se lembra agora de Daredevil (Demolidor), Amazing Spider-Man (Homem-Aranha), Fantastic Four (Quarteto Fantástico), Marvel Two-in-One (revista que trazia encontros do Coisa com outros heróis), Tomb of Dracula (o Drácula, é claro!) e John Carter Warlord of Mars (personagem de Edgar Rice Burroghs, o criador do Tarzan). Obviamente a criação de tantas histórias remeteu a criação de vários novos personagens para o já vasto panteão da Marvel: em Daredevil #131 Wolfman lançou o Mercenário (Bullseye), um assassino que nunca erra o seu alvo; em Fantastic Four #211 os leitores foram apresentados a Terrax, um novo e cruel arauto de Galactus, o devorador de mundos; em Tomb of Dracula #10 o caçador de vampiros Blade deu as caras pela primeira vez; a anti-heroína Gata Negra (Black Cat) estreou em Amazing Spider-Man #194 e por fim em 1976 Wolfman resgatou do fundo da sua memória o Nova, um antigo personagem que ele havia criado nos seus tempos de fanzineiro e lançou-o em uma nova série regular.
Mercenário -- o assassino de mira perfeita -- faz sua estréia em Daredevil #131.
Tudo estava bem, tudo estava legal, mas supostamente divergências criativas com o editor-chefe da Marvel Jim Shooter fizeram Wolfman buscar "novas paragens". Ou talvez seja melhor falarmos "antigas paragens", já que o roteirista voltou a trabalhar na DC Comics no início da década de oitenta. Lá, o nosso amigo se deu muito bem, criando os Novos Titãs (New Teen Titans) -- um dos maiores sucessos editoriais dos anos oitenta -- e escrevendo Crise nas Infinitas Terras, a mais definitiva de todas as sagas super-heroísticas. Outro trabalho importante de Wolfman na DC Comics rolou em 1985/1986, durante a reformulação do Superman comandada por John Byrne, já que coube a ele reinvenção de Lex Luthor, vilão que deixou de ser um cientista louco para se tornar um dos homens mais ricos (e desalmados) do mundo.
Blade iniciou a sua vida de caçador de vampiros em Tomb of Dracula #10.
A Gata Negra entrou na vida do Homem-Aranha em Amazing Spider-Man #194
A Vida foi seguindo seu curso natural, e lentamente Wolfman deixou de ser um best-seller se afastou da indústria de quadrinhos. Todavia, algumas coisas precisavam ser acertadas, como a questão dos direitos autorais dos personagens que ele criou para a Marvel nos anos setenta. Entendendo que o copyright de personagens como Blade, Terrax e Nova eram seus em 1997 Wolfman abriu processo contra a Marvel com o intuito de recuperar seus plenos direitos sobre eles. Tal caso chamou a atenção de quase todos os profissionais da indústria, já que o resultado dessa pendenga jurídica certamente criaria jurisprudência para casos semelhantes. Em 2000 o caso finalmente foi parar no tribunal, e a Marvel não deixou por menos: gastando os tubos ela chamou como suas testemunhas diversos colegas e contemporâneos de Wolfman dos bons e velhos anos setenta, inclusive pagando passagens e hospedagem para eles. Decididamente Wolfman não estava preparado para isso, e com certeza não estava preparado para o depoimento de John Byrne, com quem ele trabalhou em Amazing Spider-Man, Fantastic Four e na reformulação do Superman. Em seu depoimento Byrne deu toda a razão para a Marvel na questão, e chegou inclusive a diminuir os méritos de Wolfman na criação de Terrax, vejam só! Mas a parte engraçada (ou triste, dependendo do ponto de vista) foram as supostas "caretas" que o desenhista fez durante o depoimento de Wolfman. Vejam o que o roteirista falou a respeito disso, em trecho de entrevista dada para o The Comics Journal traduzida de maneira livre e porca pelo blogueiro que vos fala:
"Ele fazia caretas quando eu olhava em sua direção, principalmente nos trechos do meu depoimento onde eu tinha que me referir a ele. (...) Ele começava a sacudir a cabeça negativamente, como se eu estivesse cometendo algum erro, e isso me perturbava, porque eu estava tentando me lembrar de eventos específicos. Ele estava agindo como se fosse uma criança de dois anos que não tinha tomado a sua dose de ritalina (remédio indicado para pessoas que sofrem de hiperatividade ou transtorno de déficit de atenção)."
Nova, personagem que Wolfman criou durante a sua época de fanzineiro e que posteriormente foi lançado de forma oficial e profissional pela Marvel Comics em 1976.
Em sua defesa Wolfman alegou que na época em que trabalhava na Marvel ele não assinou nenhum contrato concedendo os direitos sobre os personagens em questão para a Marvel, e que vários deles (em especial o Nova) haviam sido registrados por ele ainda nos seus tempos de fanzineiros. De fato a Marvel não tinha nenhum contrato desse tipo, só que no final de tudo Wolfman se deu mal, e a Justiça deu ganho de causa para a Marvel Comics. Desse caso a única coisa que sobrou para o roteirista foi a frustração pela causa perdida e uma profunda decepção com seu "colega" John Byrne, também registrada em entrevista ao The Comics Journal:
"Eu nunca tive nenhum problema pessoal com John, mas obviamente ele tem algum comigo. Pode ser por causa do Luthor, que foi uma criação minha e se tornou um dos itens mais perenes na mitologia do Superman. Prefiro acreditar que esta não é a razão (..) Eu acho que todo o mal-estar que eu tenho sobre isso, falando francamente, é por causa de John Byrne e não da Marvel. Isso porque a Marvel fez o que tinha que fazer. John fez coisas que eu não acreditava que ele faria (...) Se eu falei com ele após julgamento do caso? Não. E não irei. Acho que acabaria pegando-o pelo pescoço. Tudo o que eu posso dizer é que isso foi terrivelmente doloroso e chato para mim, e acredito que as pessoas podem entender quando toda a atenção está sobre você em um julgamento, e você está tentando responder perguntas difíceis o decoro e o espírito civilizado são uma exigência para todos que estão na corte. Eu fiquei incrivelmente magoado, mais do que você pode imaginar. Você teria que estar lá para ver o efeito do que John fez, e muito provavelmente ele não se importou com isso."
Pois é moçada, a rapadura é doce mas não é mole, e decididamente não é uma boa idéia convidar para a mesma mesa John Byrne e Marv Wolfman! E tenho dito!
Fonte:
The Comics Journal
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segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Opiniao 001
Por que os DVD's da Liga da Justiça não saíram no Brasil?
Pois é, meus queridos... Sempre considerei o desenho Liga da Justiça um dos melhores desenhos animados de super-heróis de todos os tempos... Não, estou mentindo, na verdade Liga da Justiça (e a sua continuação, Liga da Justiça sem Limites) é o maior desenho animado de super-heróis de todos os tempos! A animação caprichada, o respeito pelas origens e caracterizações originais dos quadrinhos, os roteiros caprichados e até mesmo a espetacular dublagem nacional (que muitos nerds sei lá porque gostam de criticar) fizeram dessa série algo inigualável, mas obviamente isso não surgiu da noite para o dia. Esse trabalho começou com Batman - A Série Animada e continuou em Superman - A Série Animada e Batman do Futuro, até culminar na já citada série da Liga da Justiça. Méritos e parábens para Bruce Timm, o produtor-roteirista-desenhista que desde o começo esteve envolvido em todos esses desenhos animados e para todos os artistas que o acompanharam nessas produções televisivas, como os roteiristas Paul Dini e Dwayne McDuffie e tantos outros cujo nome desconheço completamente! Todavia, só tem uma coisinha em relação a Liga da Justiça que me deixa levemente emputecido: Por que não foi lançado no Brasil um DVDBOX com a série completa aqui no Brasil?
De certa maneira o mercado brasileiro de DVD's reproduz algumas coisas que rolam no mercado estadunidense, e uma delas é o lançamento de caixas trazendo uma temporada completa de uma série de sucesso. Qual de nós não fomos em uma Americanas ou Extra da vida e não vimos expostos nas prateleiras caixas que traziam temporadas completas de produções televisivas como Lost, 24 Horas e até porcarias como Charmed? A simpática Warner Home Video Brasil(divisão nacional da Warner Bros. responsável pela distribuição brasileira de produções televisivas e cinematográficas da matriz americana) chegou a lançar em nossas plagas alguns DVD's que traziam alguns episódios duplos ou triplos da série, mas box's com temporadas completas... Hum... Este blogueiro que vos fala ficou esperando... Esperando... Esperando... E esperando... E nada, pô! Tremenda sacanagem isso, não acham? Moral da história: tive que me contentar com os DVD's soltos que chegaram por aqui, já que a Warner Home Video Brasil não deu a menor indicação de que lançará esses box's por aqui. Nessas horas este blogueiro se lembra daquilo que sua vovó sempre falava: a Esperança é a única que morre! Todavia, um pequeno prazer esse blogueiro terá: esses infelizes hão de receber um e-mail desse adorável blogueiro xingando-os e principalmente ameaçando-os, caso as caixas com as temporadas completas da Liga da Justiça não sejam lançadas o quanto antes no Brasil! E tenho dito! Ah, para finalizar, vejam abaixo as capas dos DVDBox's americanos da Liga da Justiça:
Agora para realmente para finalizar de vez, segue abaixo uns links interessantes:
Os DVD's da Liga da Justiça lançados no Brasil
Site da Warner Home Video Brasil. Caso vocês também queiram protestar também...
Informações sobre o os DVD's da Liga da Justiça lançados nos States.
Informações sobre o os DVD's da Liga da Justiça Sem Limites lançados nos States.
Caso vocês queiram saber mais sobre os desenhos animados de super-herói da Warner, acesse o World's Finest Online que você achará um site que tem quase tudo sobre o assunto.
E finalmente... Tenho dito!
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domingo, 7 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 004
O Quarteto Mascarado!
Em novembro de 1961 Stan Lee e Jack Kirby apresentaram ao mundo o gibi Fantastic Four, que trazia uma super-equipe de heróis homônima que adquiriu seus poderes graças a uma exposição acidental a raios cósmicos durante uma viagem espacial. Apesar dos super-poderes em suas duas primeiras edições o Quarteto não se trajava com as fantasias típicas de super-heróis, e há uma boa razão para isso: acreditem se quiserem ou não nessa época todos os gibis da Marvel eram distribuídos pela DC Comics! Naquele tempo a DC tinha uns dos melhores esquemas de distribuição de revistas dos EUA, e diversas editoras menores -- inclusive de quadrinhos -- se valiam dos seus serviços. Como a DC Comics praticamente detinha o monopólio sobre o mercado de gibis de super-heróis sutilmente todas as editoras menores que distribuíam suas revistas através da DC eram desestimuladas a investir nesse filão. Como a Marvel estava longe de ser uma potência editorial e nos anos cinquenta e início dos sessenta ela basicamente era especializada em publicar gibis de monstros, fantasia ou sci-fi Stan e Jack seguiram a política de "não-publicar-gibis-de-super-heróis", fazendo com que em suas duas primeiras edições o Quarteto ficasse mais parecido com um time de exploradores do que com uma equipe de super-heróis.
Isso não durou muito, e em Fantastic Four #03 a equipe criada por Stan e Jack assumiu ares mais super-heroisticos, ganhando um uniforme azul com detalhes negros e um grande número "4" estampado no peito. Simples e eficiente, esse traje até hoje é considerado um dos melhores que já surgiram nos quadrinhos, só que o que muitos fãs não sabem é que os simpáticos heróis quase tiveram um outro uniforme!
Durante a elaboração de Fantastic Four #03 Jack Kirby concebeu um traje muito parecido com aquele que conhecemos hoje, sendo que essa visão do traje ao invés do "4" trazia um duplo F no peito e os comandados de Reed Richards envergavam charmosissímas máscaras. Quem descobriu esse fato foi o pesquisador e artista Greg Theakston, e infelizmente esse blogueiro que vos fala não sabe quais foram as razões que levaram Stan e Jack a optar pelos trajes desprovidos de máscaras. O que esse blogueiro sabe é que o Quarteto deu muita sorte em não ter que vestir as tais máscaras, já que elas eram um tanto quanto rídiculas! Vejam abaixo em preto e branco as imagens que Theakston resgatou do passado e façam a comparação com as mesmas imagens coloridas que foram originalmente publicadas em Fantastic Four #03:
A Garota Invisível apresenta para o Senhor Fantástico e Coisa o uniforme concebido por ela.
O Senhor Fantástico e o Coisa vestem os uniformes pela primeira vez. O capacete vestido pelo Coisa apareceria outras vezes durante a carreira editorial do Quarteto.
Nesse quadro fica mais visível a diferença entre as duas versões do uniforme. Reparem no duplo F no peito do Sr. Fantástico.
Essa é ou não é uma curiosidade curiosissíma dos quadrinhos?
Fonte:
Comic Book Resources
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quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 003
Black Power! O Capitão Marvel Negro!
Em 1985 a DC Comics estava reestruturando todo o seu Universo, e novas origens para os seu velhos personagens foram boladas. John Byrne ficou encarregado de recriar o Super-Homem; um Batman mais sombrio e antenado com os anos oitenta foi relançado por Frank Miller e George Pérez deu uma nova cara para a Mulher-Maravilha. Todos esses heróis são personagens clássicos e conhecidos até por quem não lê gibis, não é mesmo? Havia outro super-herói com com as mesmas características, e esse herói era o Capitão Marvel, também conhecido como Shazam.
A DC Comics adquiriu os direitos do personagem nos anos setenta, e chegou inclusive a lançar uma série mensal com ele nesse período, série essa que rapidamente foi cancelada devido as baixas vendas, o que acabou deixando-o "de molho" por um bom tempo. A onda de reformulações super-heróisticas empreendidas pela DC nos anos oitenta parecia ser o momento propício para dar uma chance ao menino que virava um adulto super-poderoso. Todavia, haviam alguns problemas...
Após o encerramento das atividades da Fawcett Comics (editora que originalmente o personagem) nos anos cinquenta o Capitão Marvel ficou muito tempo sem ser publicado. Espertamente, nos anos sessenta a Marvel Comics registrou para si a marca "Capitão Marvel", chegando inclusive a lançar um herói alienígena com o mesmo nome. Tal registro praticamente impediu a DC Comics de usar a expressão "Capitão Marvel" na capa de qualquer gibi que trouxesse o herói. Diante dessa situação, o escritor/editor Roy Thomas propôs uma solução atípica e de certa forma até interessante...
E se o personagem fosse relançado com um novo nome, tipo, Captain Thunder (Capitão Trovão)? E se, ao invés de ser um típico jovenzinho classe-média estadunidense ele fosse um afro-americano? Thomas elaborou essa proposta junto com o desenhista Don Newton, e ela foi seriamente considerada pela cúpula editorial da DC Comics, que no final das contas a rejeitou, preferindo o formato clássico do personagem, que foi reintroduzido no Universo DC na minissérie Lendas e em uma minissérie-solo, lançada em 1987 nos States e inédita no Brasil.
Muito provavelmente a cúpula da DC Comics rejeitou a proposta de Thomas porque entendeu que ela era muito afastada da versão original do personagem, que bem ou mal ainda tinha muita fama. Mas que o Shazam quase virou negro, ah, quase virou mesmo! E isso é ou não é uma curiosidade curiosíssima?
Fonte:
Comic Book Resources
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terça-feira, 2 de setembro de 2008
Curiosidades Curiosissimas 002
O Dia em que Sir Paul McCartney encontrou o Rei Jack Kirby!
Era o ano da graça de 1976, e Paul McCartney estava em turnê divulgando o álbum Venus and Mars, que curiosamente trazia uma ótima canção pop chamada Magneto and Titanium Man... Magneto and Titanium Man? Por acaso o ex-Beatle era fã dos X-Men? Seria Paul McCartney um nerd enrustido que finalmente dava vazão ao seu amor por quadrinhos? Muita gente fala que os Beatles gostavam de ler gibis, mas a biografia do quarteto de Liverpool escrita pelo jornalista Bob Spitz (um tijolo de quase mil páginas que estou lendo nesse momento) não traz nenhuma indicação de que os quatro rapazes eram loucamente apaixonados pela Nona Arte. Segundo Paul, a inspiração para Magneto and Titanium Man é um tanto quanto prosaica: em 1975 o mais bonitinho dos Beatles estava na Jamaica gravando Venus and Mars junto com os Wings (banda que o acompanhou durante boa parte dos anos setenta) e a esposa Linda McCartney e os seus pequenos filhos.
Aí vocês sabem como é criança pequena... Com o propósito de sossegar a molecada Paul comprou em uma banca um gibi, que por acaso trazia o mutante terrorista favorito de todo mundo. Infelizmente não foi possível determinar qual gibi Paul comprou para os seus filhos, mas sabe-se que ele ficou com a palavra "Magneto" na cabeça... E o resultado foi a canção Magneto and Titanium Man.
Como falamos acima em 1976 Paul estava em turnê divulgando o seu novo disco e um dos seus destinos era Los Angeles. Nessa mesma época Jack Kirby residia lá, e os irmãos Gary e Steve Sherman trabalhavam com o Rei. Ao tomarem conhecimento da apresentação de Paul e da canção Magneto and Titanium Man os simpáticos irmãos acharam que seria uma boa idéia armar um encontro entre o ex-Beatle e o co-criador de Magneto, e com a permissão de Jack eles entabularam diversos contatos telefônicos com a gravadora e os acessores de McCartney. Como muita gente na gravadora era fã de primeira ordem do Rei dos Quadrinhos o encontro foi marcado, e Jack, sua esposa Roz, sua filha Lisa os irmãos Sherman foram encontrar-se com o músico inglês.
"Olá, Jack, é um prazer te conhecer!", disse McCartney com seu típico sotaque inglês assim que ficou frente a frente com Jack Kirby. Segundo o testemunho dos Irmãos Sherman o velho desenhista e o ex-Beatle foram extremamente amistosos um com o outro, porém McCartney não contava com uma "surpresa" que Jack preparou para ele: o Rei presenteou-o com um belo esboço a lápis, que retratava Magneto "capturando" Paul e toda a banda Wings. Paul adorou o presente, e em retribuição convidou Kirby e sua família para assistirem no setor vip o show que dentro de alguns instantes ele daria.
Assim que chegou o momento de tocar Magneto and Titanium Man Paul falou em alto e bom som a seguinte frase: "Esta noite na platéia está o criador de Magneto e de muitos outros personagens dos quadrinhos, e eu gostaria de dedicar essa canção à Jack Kirby!". Explodiram os aplausos, e o maior desenhista de super-heróis que o mundo já viu recebeu uma das mais
belas homenagens de toda a sua vida, homenagem essa originária de um dos maiores músicos de todos os tempos. É isso que dá quando dois gigantes se encontram.
Ah, vejam logo abaixo a arte que Kirby fez para Paul McCartney
E, vejam e ouçam a música também, cacete!
E para aqueles que querem cantar essa bela canção, segue abaixo a letra:
Magneto and Titanium Man
Well I Was Talking Last Night
Magneto And Titanium Man...
We Were Talking About You, Babe,
Oo --- They Said ---
You Were Involved In A Robbery
That Was Due To Happen
At A Quarter To Three
In The Main Street.
I Didn't Believe Them
Magneto And Titanium Man...
But When The Crimson Dynamo
Finally Assured Me, Well, I Knew
You Were Involved In A Robbery
That Was Due To Happen
At A Quarter To Three
In The Main Street.
So We Went Out
Magneto And Titanium Man...
And The Crimson Dynamo
Came Along For The Ride
We Went To Town With The Library
And We Swung All Over That
Long Tall Bank In The Main Street
Well There She Were And To My Despair
She's A Five-Star Criminal
Breaking The Code
Magneto Said "Now The Time Come
To Gather Our Forces And Run!!!"
Oh No...
This Can't Be So...
And Then It Occurred To Me!
You Couldn't Be Bad
Magneto Was Mad!
Titanium Too!
And The Crimson Dynamo
Just Couldn't Cut It No More
You Were The Law...
Fontes:
Jack Kirby Museum
Jack Kirby Collector
Marcadores:
Curiosidades Curiosissimas
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