quinta-feira, 22 de julho de 2010

Retrospectiva 007 - San Diego Comic-Con !



Pois é, a gente fica aqui no Brasil chupando o dedo, implorando para Papai do Céu que surja no horizonte qualquer eventozinho furreca que envolva quadrinhos, animes, cinema, games ou brinquedos... Enquanto isso, durante o ano inteiro os americanos tem dezenas de opções de convenções nerds de todos os tipos... Porém, convenhamos: invariavelmente entre julho e agosto de todos os anos os mais variados gostos nérdicos convergem para a Comic-Con International (também conhecida como San Diego Comic Con), que junto com o Festival International de la Bande Dessinée d'Angoulême (sediado, obviamente, na cidadezinha francesa de Angoulême) e a Comiket (realizada duas vezes por ano em Tóquio). são a Meca dos otakus, gibizeiros e similares.




Tudo começou nos longinquos anos sessenta... Nessa época o fandom começava a se reunir em várias reuniões informais pelos States, e em Detroit o fã, artista e agitador cultural Shel Dorf organizou a Detroit Triple-Fan Fairs, uma das primeiras convenções de expressão nacional dedicadas a Nona Arte. Ao se mudar para San Diego no final dos sixties Dorf decidiu que o seu novo lar deveria sediar uma reunião de fãs similar a Detroit Triple-Fan Fair, e de tanto agitar a cena cultural local em 21 de março de 1970 o hotel U.S. Grant recebeu cento e quarenta e cinco apaixonados gibizeiros e sediou a Golden State Mini Comic-Con, que contou com a participação especial de Forrest J. Ackerman (um dos fundadores do fandom estadunidense) e do arte-finalista Mike Royer. Aparentemente, não foi um inicio muito auspicioso, não é mesmo? De fato, não era...




As primeiras Comic-Con basicamente era constituidas de meia-duzia de almas penadas fanáticas por gibis, filmes de sci-fi e terror, seriados televisivos e lilteratura fantástica que trocavam entre si gibis, memorabilia e opiniões sobre a sua paixão, que era a cultura pop. E, é claro, também por alguns poucos quadrinistas, escritores, roteiristas e atores que, talvez por piedade, talvez por vaidade ou talvez por curiosidade davam o ar da graça no evento e se sujeitavam a paixão dos participantes. Porém (ah, porém!) o tempo foi passando, e de repente, não mais que de repente, a meia-duzia de almas penadas se transfigurou em centenas, e no final dos anos setenta essas centenas viraram milhares, e a Golden State (que passou a se chamar San Diego Comic-Con a partir de 1973) passou a ser destino obrigatório para todos aqueles que de alguma forma estavam envolvidos na produção cultural pop dos EUA.




Determinar as razões do crescimento da San Diego Comic-Con não é fácil, e muitos acreditam que o advento do Mercado Direto talvez seja o responsável por isso; todavia não podemos deixar de descartar aquela que provavelmente é razão óbvia: com o boca-a-boca a convenção só aumentou ano a ano, e dezenas de eventos similares começaram a pipocar por todo o território americano. Ciosa dos seus interesses, a industria cultural estadunidense logo percebeu que as convenções nerds eram a plataforma ideal para os seus lançamentos e para estreitar o relacionamento com os fãs, e se tornou a principal patrocinadora da Comic-Con.






O resultado desse patrocínio podem ser constatados nos números da última Comic-Con: cento e vinte e seis mil nerds (muitos deles vestindo as roupas dos seus super-herois favoritos) se dispuseram a gastar seu rico dinheirinho para participar do evento; quadrinistas do mundo inteiro (principantes ou vetereranos) compareceram, a fim de ter um contato mais próximo com os seus fãs; centenas de palestras reuniram artistas e fãs, palestras essas onde eram animadamente discutidos os rumos da cultura pop no século XXI; Hollywood aproveitou a deixa para lançar dezenas de filmes, com a presença de diretores e astros consagrados; até as indústrias televisa, de videogames e de brinquedos compareceu em peso. Isso sem falar que a anos a San Diego Comic-Con é o local onde é entregue o Will Eisner Awards, a mais importante premiação do quadrinho americano. Nada mal para um evento que começou com cento e quarenta e cinco nerds apaixonados em 1970 e que em 2010 completa quarenta anos de existência... Dito isso, terminamos esse pequeno artigo citando uma frase dita por Jack Kirby na Comic-Con de 1971: "Um dia, estúdios de cinema virão até aqui testar seus filmes com este público". Pois é, além de Rei, Jack também era profeta...




Fontes:
Comic Con - site oficial
UOL - Entretenimento - Quarenta Anos de Comic-Con
Maggie Thompson - uma das mais antigas frequentadoras da Comic-Con
Comic-Convention Memories
Homenagem a Shel Dorf

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