quinta-feira, 29 de julho de 2010
Review 006 - Luke Cage versus Doutor Destino! O Confronto do Século!
Pois é, meus queridos, quem não conhece o Luke Cage? Nascido em 1972 nas páginas do gibi Luke Cage: Hero for Hire(Luke Cage: Heroi de Aluguel), o sempre turrão Cage foi uma tentativa da Marvel Comics de aproveitar a onda blackexplotation, que naquela época invadia as salas de cinema americanas com temáticas afro-centradas e com trilhas sonoras assinadas por bambas do funk e do soul como Isaac Hayes, James Brown e Curtis Mayfield. Se nos primeiros anos subsequentes a sua estreia o Sr. Cage foi, digamos assim, um "sucessinho", hoje a situação é completamente diferente: o marido de Jessica Jones está na crista da onda estrelando os gibis New Avengers e Thunderbolts e, segundo alguns boatos, se transformando em umas das principais apostas cinematográficas do Marvel Studios. Todavia, este pequeno preâmbulo não visa discutir as glórias recentes do Heroi de Aluguel: na verdade, ele visa relembrar uma pequena (e absolutamente esdrúxula) aventura desse grande super-heroi, aventura na qual ele se defrontou com ninguem mais ninguem menos que o Doutor Destino, o vilão mais foderoso da Marvel! Continuem lendo esse review e entendem de onde eu "desencavei" esse estranho confronto.
Nos anos dourados da minha infância que não voltam mais havia um gibi que era certeza absoluta de diversão: o saudoso Superaventuras Marvel (ou SAM, para os intimos), da Editora Abril. Ora, uma revista que trazia histórias dos X-Men (na época concebidas pela dupla Claremont/Byrne), do Demolidor de Frank Miller, da Sonja, do Rei Kull, do Pantera Negra e de outros super-herois bacanérrimos não podia ser outra coisa além de sensacional. Luke Cage também dava as caras por lá, só que as histórias do Heroi de Aluguel estavam bem longe de serem a última bolacha no pacote: na verdade, elas eram bem fraquinhas, se comparadas com a de seus outros colegas de mix na SAM. Porém, a vigésima-sétima e vigésima-oitava edições de SAM (lançadas no final de 1984) trouxeram uma HQ em duas partes que trazia um início tipico para as histórias do Cage no início dos anos setenta.
Após dar um "trato" em Claire Temple (sua namorada na época), Cage é abordado por um janota que afirma representar "um homem rico que prefere ficar anônimo". Sem muitas delongas, o sujeitinho lhe faz uma proposta de trabalho: por duzentos dólares ao dia ele quer que Cage persiga e capture quatro bandidões afro-americanos que estão escondidos em Bedford-Stuyvesant, um bairro negro de Nova York. Como as contas não param, o Heroi de Aluguel aceita o serviço, e sai ao encalço dos bandidos. Ao encontrá-los ele se depara com uma desagradável surpresa: os tais bandidos na verdade eram perigosos robôs, e só foram derrotados após uma escarniçada luta.
Cabreiríssimo com a situação, Cage decide rastrear o sujeito que o contratou, e acaba parando na embaixada da Latveria. Adentrando a força na embaixada, não tardou para o Heroi de Aluguel descobrir que o "o homem rico que prefere ficar anônimo" na verdade era Victor Von Doom, o Doutor Destino, o monarca absolutista da Latveria! Com a arrogância de sempre, o maior inimigo do Quarteto Fantástico explica para o nosso heroi que os seus servos robóticos estão se rebelando contra o seu domínio e se escondendo nos guetos estadunidenses, e que Cage era a pessoa mais adequada para lidar com eles, dada a sua condição de afro-americano. Cage topa continuar com o serviço, e após derrotar todos os robôs infiltrados em Nova York ele retornou para a embaixada da Latveria a fim de cobrar seus duzentos doláres, porém... Ao chegar lá, ele soube que o Doutor Destino tinha se mandando para a sua terra natal, aplicando um tremendo calote no super-heroi favorito do gueto!
Obviamente, o Heroi de Aluguel não iria deixar esse calote passar batido... Pegando emprestado um jato do Quarteto Fantástico ele rumou para a Latveria, a fim de cobrar o caloteiro safado que era o Doutor Destino! O problema é que invadir a Latveria não era nada fácil: assim que chegou lá o nosso heroi teve que encarar o exército local e após isso caiu de para-quedas no meio da rebelião robótica contra o déspota latveriano e bem no colo do "Sem-Face" (Faceless One), um alienigena vindo sabe-se lá de onde e que comandava a tal rebelião. Rapidamente, Cage e o "Sem-Face" fecharam um acordo: com a ajuda dos rôbos o Heroi de Aluguel invadiria o castelo do Doutor Destino e enfrentaria o vilão; nesse interim os rôbos tomariam posse do lugar derrubariam de vez o governo de Von Doom. Após a invasão do castelo, Cage ficou frente a frente com o o Doutor Destino. E ai, meus amigos, rolou uma das lutas mais esquisitas de todos os tempos nos quadrinhos americanos. Vejam nas quatro páginas abaixo:
Vocês leram as páginas acima? Leram com bastante atenção? Pois é, justamente quando Destino estava completamente nas mãos de Cage o "Sem-Face" aparece a fim de executar Von Doom, mas aí vocês sabem como são as coisas: o super-heroi do gueto não podia deixar o alienígena matar o cara que devia duzentos dólares para ele! Diante desse dilema Cage enfrentou e derrotou o "Sem-Face", e isso foi a "deixa" que acabou permitindo a Von Doom e a seu exército esmagar definitivamente a rebelião róbotica. Impressionado com o "convicente discurso" de Cage e principalmente pelo fato de no final das contas o heroi afro-negão ter salvo a sua vida, Destino não só lhe pagou os duzentos dólares como perguntou se poderia contar com ele para "futuros serviços". De maneira "educada", Cage rejeitou a proposta: afinal de contas, como diria a nossa vovó, uma vez caloteiro, pilantra e déspota, sempre caloteiro, pilantra e déspota! No final das contas, com seus duzentos contos no bolso e com um salvo-conduto do monarca latveriano, o Heroi de Aluguel retornou para a América, feliz, contente e satisfeito...
Escrita por Steve Englehart e com a arte a cargo de George Tuska e Billy Graham, a história que acabamos de relatar é tão cheia de absurdos que decididamente não fez a glória de nenhum dos envolvidos na sua concepção: ora, um heroi do gueto derrotar o maior vilão do Universo Marvel só na porrada é forçar demais a "suspensão de descrença" de qualquer fã de quadrinhos! E ainda por cima, esse conflito é motivado por apenas duzentos dólares, quantia que estava longe de ser uma fortuna mesmo no início dos anos setenta! Mas, de tão absurda que era a trama com o tempo ela ganhou status de "cult", e hoje não faltam fãs e especialistas em quadrinhos que gostam de citá-la como um dos grandes tesouros quadrinisticos do inicio da Era de Bronze dos quadrinhos americanos. Pessoalmente, eu não saberia dizer essa aventura merece chancela de "clássico" ou não... Só sei de duas coisa: ela uma das minhas lembranças mais de antigas como fanboy e, apesar dos "apesares", é divertidissima! Para finalizar, fiquem com "sensacional" fan-trailer do filme do Luke Cage... E tenho dito!
Fontes:
■ Chris's Invincible Super-Blog
■ Comic Book Resources - A Year of Cool Comics
■ Marvel Comics Database: Hero for Hire #8
■ Marvel Comics Database: Hero for Hire #9
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Retrospectiva 007 - San Diego Comic-Con !
Pois é, a gente fica aqui no Brasil chupando o dedo, implorando para Papai do Céu que surja no horizonte qualquer eventozinho furreca que envolva quadrinhos, animes, cinema, games ou brinquedos... Enquanto isso, durante o ano inteiro os americanos tem dezenas de opções de convenções nerds de todos os tipos... Porém, convenhamos: invariavelmente entre julho e agosto de todos os anos os mais variados gostos nérdicos convergem para a Comic-Con International (também conhecida como San Diego Comic Con), que junto com o Festival International de la Bande Dessinée d'Angoulême (sediado, obviamente, na cidadezinha francesa de Angoulême) e a Comiket (realizada duas vezes por ano em Tóquio). são a Meca dos otakus, gibizeiros e similares.
Tudo começou nos longinquos anos sessenta... Nessa época o fandom começava a se reunir em várias reuniões informais pelos States, e em Detroit o fã, artista e agitador cultural Shel Dorf organizou a Detroit Triple-Fan Fairs, uma das primeiras convenções de expressão nacional dedicadas a Nona Arte. Ao se mudar para San Diego no final dos sixties Dorf decidiu que o seu novo lar deveria sediar uma reunião de fãs similar a Detroit Triple-Fan Fair, e de tanto agitar a cena cultural local em 21 de março de 1970 o hotel U.S. Grant recebeu cento e quarenta e cinco apaixonados gibizeiros e sediou a Golden State Mini Comic-Con, que contou com a participação especial de Forrest J. Ackerman (um dos fundadores do fandom estadunidense) e do arte-finalista Mike Royer. Aparentemente, não foi um inicio muito auspicioso, não é mesmo? De fato, não era...
As primeiras Comic-Con basicamente era constituidas de meia-duzia de almas penadas fanáticas por gibis, filmes de sci-fi e terror, seriados televisivos e lilteratura fantástica que trocavam entre si gibis, memorabilia e opiniões sobre a sua paixão, que era a cultura pop. E, é claro, também por alguns poucos quadrinistas, escritores, roteiristas e atores que, talvez por piedade, talvez por vaidade ou talvez por curiosidade davam o ar da graça no evento e se sujeitavam a paixão dos participantes. Porém (ah, porém!) o tempo foi passando, e de repente, não mais que de repente, a meia-duzia de almas penadas se transfigurou em centenas, e no final dos anos setenta essas centenas viraram milhares, e a Golden State (que passou a se chamar San Diego Comic-Con a partir de 1973) passou a ser destino obrigatório para todos aqueles que de alguma forma estavam envolvidos na produção cultural pop dos EUA.
Determinar as razões do crescimento da San Diego Comic-Con não é fácil, e muitos acreditam que o advento do Mercado Direto talvez seja o responsável por isso; todavia não podemos deixar de descartar aquela que provavelmente é razão óbvia: com o boca-a-boca a convenção só aumentou ano a ano, e dezenas de eventos similares começaram a pipocar por todo o território americano. Ciosa dos seus interesses, a industria cultural estadunidense logo percebeu que as convenções nerds eram a plataforma ideal para os seus lançamentos e para estreitar o relacionamento com os fãs, e se tornou a principal patrocinadora da Comic-Con.
O resultado desse patrocínio podem ser constatados nos números da última Comic-Con: cento e vinte e seis mil nerds (muitos deles vestindo as roupas dos seus super-herois favoritos) se dispuseram a gastar seu rico dinheirinho para participar do evento; quadrinistas do mundo inteiro (principantes ou vetereranos) compareceram, a fim de ter um contato mais próximo com os seus fãs; centenas de palestras reuniram artistas e fãs, palestras essas onde eram animadamente discutidos os rumos da cultura pop no século XXI; Hollywood aproveitou a deixa para lançar dezenas de filmes, com a presença de diretores e astros consagrados; até as indústrias televisa, de videogames e de brinquedos compareceu em peso. Isso sem falar que a anos a San Diego Comic-Con é o local onde é entregue o Will Eisner Awards, a mais importante premiação do quadrinho americano. Nada mal para um evento que começou com cento e quarenta e cinco nerds apaixonados em 1970 e que em 2010 completa quarenta anos de existência... Dito isso, terminamos esse pequeno artigo citando uma frase dita por Jack Kirby na Comic-Con de 1971: "Um dia, estúdios de cinema virão até aqui testar seus filmes com este público". Pois é, além de Rei, Jack também era profeta...
Fontes:
Comic Con - site oficial
UOL - Entretenimento - Quarenta Anos de Comic-Con
Maggie Thompson - uma das mais antigas frequentadoras da Comic-Con
Comic-Convention Memories
Homenagem a Shel Dorf
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
Opinião 013 - O "Novo Homem" do século XXI, segundo Quino...
Uma ligeira consideração sobre o "novo homem" do século XXI, feita por ninguem mais ninguem menos que o grande Quino, quadrinista argentino que criou Mafalda, uma das maiores tiras de todos os tempos. Cliquem na imagem abaixo para amplia-la, vejam, leiam e pensem...
Agradecimentos ao Botequim do Bruno e ao Tijolaço por exibirem essa imagem.
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