Pois é, meus caros... Hoje comemoramos o Dia Internacional da Mulher e inúmeras considerações poderiam ser feitas sobre aquelas que são nossas mães, avós, irmãs, parentes, amigas e esposas... Dito isso, vamos reduzir o escopo dessa consideração para os quadrinhos, fazendo para nós mesmos duas perguntinhas básicas: Por que há tão poucas mulheres apaixonadas por Quadrinhos? Por que aparentemente há tão poucas artistas na indústria de Quadrinhos Americana?
Uma vez eu li em um site gringo (não me lembro qual) um escritor/editor americano (que também não lembro quem era!) explicar que os Quadrinhos de Super-herois sempre foram uma mídia direcionada quase que exclusivamente para meninos brancos de classe-media, uma vez que a maior parte dos autores originalmente eram ... Meninos brancos de classe-media! Isso explica em uma boa medida a baixa representação de minorias ou então a representação estereotipada delas no Mundo Encantado dos Quadrinhos Americanos. No caso das mulheres os estereótipos são conhecidos: vão da burra-e-gostosa a mocinha-e-vitima-indefesa e passam quase pela heroina-capacho-do-super-macho-lider. Mas, bem ou mal existiram tentativas de mudar esse quadro.
Nos anos setenta o Movimento Feminista fez sua voz ser ouvida, e a Marvel Comics até que tentou responder: o gibi Avengers #83 trouxe a aventura Come on in, The Revolution´s Fine (Venha para a Grande Revolução), uma das primeiras HQ's de cunho notadamente feminista; Linda Fite (uma assistente editorial da Marvel naquela época) foi convidada para criar uma nova personagem feminina mais adequada aos novos tempos tempos, e assim surgiu The Cat, que anos depois se transformaria na super-heroina Tigresa. Até a DC Comics tomou algumas ações nesse sentido, sendo que a mais radical de todas foi retirar todos os super-poderes da tradicionalissima Mulher-Maravilha e dar-lhe um visual e habilidades supostamente mais antenado com os anseios femininos do final dos anos sessenta e início dos setenta. Só que pelo visto tal mudança não agradou a todos, e a revista feminista Ms. (editada por Gloria Stein, uma lider histórica do movimento em prol das mulheres) iniciou uma campanha exigindo que a Princesa Amazona voltasse a exibir os seus atributos originais.
Tentando entrar em sintonia com o Feminismo a Mulher-Maravilha ganhou um novo status em 1968; Porém, as próprias feministas exigiram a volta do visual clássico da personagem
De lá para cá, as coisas não mudaram muito: pouquissimas mulheres trabalham na indústria de quadrinhos, a Princesa Amazona mal consegue sustentar uma revista mensal e rarissimas personagens femininas estrelam a sua própria série. Isso sem falar que o público consumidor de quadrinhos continua sendo composto majoritariamente por meninos brancos de classe média! Ainda bem que pelo menos no Mangá a situação é um pouco melhor, e justamente os quadrinhos oriundos do Japão são os responsáveis pela formação da maioria das leitoras, uma vez que há um gênero (os mangá shoujo) dedicado a elas. "Coincidentemente", a indústria japonesa de quadrinhos emprega muito mais desenhistas e roteiristas do sexo feminino que a indústria americana.
É inegável que muitas águas rolaram de baixo da ponte, e hoje certamente a representação feminina nos gibis é bem mais adequada do que era a quarenta ou cinquenta anos atrás. Mas um longo caminho ainda precisa ser percorrido até que as mulheres realmente tenham o espaço e a dignidade devidas nos quadrinhos, e principalmente em nossa sociedade. Mas com jeito se chega lá... E feliz Dia Internacional da Mulher para todos!
Artigos Interessantes
Wikipedia - Representação Feminina nos Quadrinhos Americanos
Wikipedia - Lista de mulheres quadrinistas
Nenhum comentário:
Postar um comentário