sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Opinião 022 - Assim os Quadrinhos chegaram a mim... ou, a Origem Secreta de um Nerd!



Pois é, meus queridos... Este é o centésimo post deste simpático blog, e em comemoração a este número tão alvissareiro decidi escrever um texto diferente do habitual... Ao invés de trazer fatos pitorescos do Mundo Encantado da Nona Arte decidi compartilhar com vocês a história da minha vida... Tá, "história da minha vida" é uma expressão exagerada... Na verdade, relatarei aqui como eu me iniciei nos Quadrinhos... Vamos lá!

Tudo começou no final dos anos setenta, na longinqua São Vicente, uma cidade do litoral paulista... A Vida era dura pra chuchu lá em casa, mas minha mãe sempre dava um jeitinho para comprar um ou outro gibi para mim, e graças as páginas coloridas dessas revistas eu aprendi os rudimentos da Lingua Portuguesa. Nessa época minha "dieta literária" era baseada em revistas da Disney e do Maurico de Sousa, mas minhas distrações não se restringiam única e exclusivamente a Leitura... Um indefectível televisor branco e preto de catorze polegadas abrilhantava a sala de nosso humilde lar, e através de sua tela eu conheci o desenho animado dos Superamigos, o seriado live-action do Superman (aquele, produzido nos anos cinquenta), a série televisiva do Hulk e a primeira série animada do Homem-Aranha.

Um dia teses acadêmicas serão produzidas explicando o fascínio que o Homem-Aranha exerce sobre tanta gente, e talvez eu finalmente entenda o que me levou a ficar perdidamente apaixonado pelo Escalador de Paredes assim que eu o vi na televisão, em especial em um comercial veiculado na Rede Globo que anunciava um gibi cuja capa está reproduzida logo abaixo:



Como uma tipica criança mimada eu enchi o saco da minha mãe, exigindo que ela me comprasse esse gibi. Atendendo aos meus apelos infantis a "velha" adquiriu a revista para mim, e assim tive em mãos a primeira revista de super-heróis da minha vida! Composta por aventuras curtas, grossas e muito boas do Escalador de Paredes em parcerias com outros heróis publicadas originalmente na revista Marvel Team-Up, esse gibi me deixou marcas indeléveis na memória afetiva, porém não foi ele que de fato me "fisgou" para os quadrinhos... Na verdade o meu "arrebatamento" ocorreu alguns anos depois...

Como eu disse anteriormente, a minha mamãezinha sempre me comprava alguns gibis, e de vez em quando vinha uma ou outra revista de herói entre as "tralhas" compradas pela "velha"... Cumprindo esse antigo hábito no final de 1982 a genitora desse blogueiro que vos fala me trouxe uns quatro ou cinco gibizinhos, e entre eles estava o Almanaque do Hulk #9 (publicado pela RGE, antigo nome da Editora Globo), que curiosamente não trazia nenhuma história do Gigante Esmeralda. Em compensação, a revista era totalmente preenchida por aventuras de um grupo de super-heróis diferente de tudo que eu tinha visto até então... Essa equipe era nada mais nada menos que os Fabulosos Xis-Men!


Xis-Men!? Sim, meus queridos, durante anos eu chamei os pupilos do Professor Xavier de Xis-Men! Ora bolas, um moleque de oito anos não tem obrigação de saber a pronúncia correta das letras em Inglês, caramba! Mas, vamos parar de falar sobre pronúncias certas ou erradas... O que importa mesmo são as emoções arrebatadoras que tive ao ler as histórias contidas no Almanaque do Hulk #9... Imaginem o que é para um moleque ver pela primeira vez um cara com "unhas" que podem rasgar qualquer coisa... Um sujeito que dispara raios pelos olhos... Uma negona linda de cabelos brancos... Um grandalhão que virava aço... Um ruivo cujo poder era gritar feito um louco... Um azulão esquisito que parecia ter saído do Inferno... E ainda por cima nessas histórias eles salvam o Japão da destruição total e vão parar no Canadá, onde encaram um grupo tão esquisito quanto eles! Pelamordedeus, eu fiquei vidrado nos "Xis-Men" de cara! Porém, após terminar a leitura eu mal sabia que levaria sete meses para revê-los...

Em meados de 1983 todos os personagens da Marvel Comics passaram a ser publicados única e exclusivamente pela Editora Abril, que fez uma grande propaganda do fato em todas as suas revistas em quadrinhos. Lendo uma revista do Pato Donald tomei conhecimento disso, e juntando a minha velha paixão pelo Aracnídeo com alguns caraminguás gentilmente cedidos pela minha tia-avó eu comprei a revista Homem-Aranha #1...


Esse gibi trazia uma aventura produzida por Denny O'Neil e Frank Miller onde o Amigão da Vizinhança encarava o Justiceiro e o Dr. Octopus e, é claro, fiquei completamente alucinado quando terminei de lê-la. E também fiquei especialmente exultante quando descobri que a revista Superaventuras Marvel #14 traria nada mais nada menos que o super-grupo que conheci no final de 1982, os Xis-Men!


Ai, meus caros, juntando os centavinhos comprei a dita revista e adorei cada página dela, e minha curiosidade acerca de outros personagens da Casa das Ideias foi crescendo, sendo estimulada em parte pelos famosos desenhos desanimados da Marvel, que coincidentemente eram reprisados pela Rede Globo naquela época. De curiosidade em curiosidade, desde 1983 vinte e sete dos meus trinta e seis anos de vida foram exercidos na condição de fanboy inveterado. Quando essa história vai terminar? Não sei, só espero que ela seja o mais longa possível, e até o final dela eu pretendo contar com a companhia de vocês! Dito isso, assistam a abertura dos desenhos desanimados da Marvel e, como diria o poeta... Até a próxima!