domingo, 28 de março de 2010

Curiosidades Curiosissimas 031 - O sósia espanho do Alan Moore!


Todos nós sabemos que Alan Moore é um gênio que revolucionou os quadrinhos, com obras como Watchmen, V de Vingança, Monstro do Pântano e tantas outras que agora é díficil nos lembrarmos...

Todos nós sabemos que Alan Moore não sai de Northampton (sua cidade natal) de jeito maneira...

Todos nós sabemos que Alan Moore é metido a bruxo e adora uma porra de um deus-serpente romano chamado Glycon...

Todos nós sabemos que Alan Moore gosta de fumar cigarros, digamos assim, pouco "ortodoxos"...

Todos nós sabemos que Alan Moore tem um senso de moda um tanto quanto diferenciado da maioria da massa ignara...

Todos nós sabemos que Alan Moore odeia a a indústria mainstream de quadrinhos desde que teve problemas em relação aos direitos autorais de Watchmen e em relação a censura imposta a minisserie A Liga Extraordinária...

Todos nós sabemos que Alan Moore jamais aceitaria jantar com Joel Silver ou qualquer outro produtor de Hollywood...

O que não sabemos.... É que Alan Moore tem um sosia espanhol! Assistam ao video logo abaixo:




O nosso amigo sósia veio do Muchachada Nui, programa de humor exibido na rede espanhola de televisão RTVE... E sejamos francos: o sósia é ou não é a "cara" do Alan Moore? E, por favor, que alguem se disponha a botar legendas em português nesse vídeo!

Fonte:
Bleeding Cool

sábado, 27 de março de 2010

Opinião 010 - O Falecimento de Dick Giordano



Existem artistas que passam pelas nossas vidas de fãs e que, apesar da competência de seus trabalhos não arrancam os nossos suspiros. Apenas quando tais artistas abandonam para sempre o nosso convívio é que realmente damos a eles o valor merecido, e principalmente nos tornamos cientes da sua importância para a tão combatida e esculhambada Nona Arte. Infelizmente, esse é o caso do desenhista, arte-finalista e editor Dick Giordano, que no dia 27 de Março de 2010 deixou para trás esse mundo mesquinho no qual nós vivemos.


Richard Joseph Giordano nasceu em Nova York em 1932, e como quase todo garoto daquela época ele ficou fascinado pelo advento dos gibis de super-herois. A infância passou, porém o fascinio pelos herois fantasiados o permeou de tal forma que adulto ele procurou emprego na indústria de quadrinhos, e após trabalhar nos estudio de Jerry Iger em 1952 ele descolou um bico de desenhista free-lancer na extinta Charlton Comics. Ele trabalhou na Charlton até 1965 (chegando inclusive a assumir o cargo de editor-chefe), e de lá Giordano foi para DC Comics, trazendo consigo do seu ex-emprego vários artistas então iniciantes e que posteriormente obteriam grande sucesso, como Denny O'Neill, Jim Aparo e Steve Skeates.


Trabalhando na DC Comics no final dos anos sessenta e inicio dos setenta Giordano essencialmente emprestou o seu nanquim para os desenhistas da casa, e provavelmente o seu trabalho mais famoso dessa época seja a arte-final para o lápis do genial Neal Adams no gibi Green Lantern/Green Arrow (Lanterna Verde/Arqueiro Verde). Alias, com Adams ele saiu da DC Comics em 1971 para fundar a Continuity Associates, uma empresa especializada no fornecimento de serviços artisticos. Por lá Giordano fez uma das coisas que mais gostava, que era desenvolver o potencial de artistas novatos, e receberam os seus ensinamentos artistas excepcionais como Terry Austin, Bob Layton, Al Milgrom, Joe Rubinstein e Bob Wiacek. Suas obrigações na Continuity não o impediram de fazer um ou outro serviço free-lancer para a Marvel Comics, DC Comics ou Warren, e dois dos seus mais destacados trabalhos são as magnificas arte-finais para o crossover intereditorial Superman vs. the Amazing Spider-Man (Superman versus Homem-Aranha, desenhado por Ross Andru) e o improvável crossover Superman vs. Muhammad Ali., que contou com o lápis do seu amigo Neal Adams.


Em 1980 Giordano retornou para a DC Comics, e em 1983 ele assumiu o cargo de Vice-Presidente / Editor-Executivo da editora. Nessa função Giordano foi responsável pela coordenação geral de diversos sucessos da editora nos anos oitenta, como a maxisserie Crise nas Infinitas Terras, a minisserie Cavaleiro das Trevas e o lançamento da selo adulto Vertigo. Em 1993 a perda progressiva da audição e o falecimento da sua esposa Marie Trapani fizeram com que Giordano se aposentasse, porém os grandes artistas na verdade nunca param de vez: entre um free-lance aqui e outro acolá em 1994 ele ilustrou uma graphic novel da heroína inglesa Modesty Blaise, em 2002 ajudou seu pupilo Bob Layton na fundação da editora Future Comics, desenhou histórias do Fantasma para o mercado europeu e australiano e em 2005 lançou o livro Draw with Dick Giordano, onde compartilhava os segredos das suas técnicas com seus fãs. Mesmo tentando se manter ativo fazendo diversas artes comissionadas para os seus fãs e mantendo um site pessoal, infelizmente a idade começou a cobrar o seu preço e hoje (27/03/2010) Bob Layton anunciou que o coração do seu mentor parou de bater. Dick Giordano tinha setenta e sete anos.




Como falamos no começo desse post, as vezes somente a despedida definitiva abre os nossos olhos para a importância de certos artistas, e de certa forma esse texto visa ressaltar toda a alegria que Dick Giordano trouxe para fãs de quadrinhos do mundo inteiro. Sem mais, só podemos terminar esse texto agradecendo ao mestre... Descanse em paz, Mr. Giordano.



Fontes:
Dick Giordano - site oficial
Wikipedia - Dick Giordano
Newsarama - Dick Giordano
Comic Book Resources - Dick Giordano
Bleeding Cool - Dick Giordano

sexta-feira, 12 de março de 2010

Opinião 009 - O Falecimento de Glauco.



Pois é, meus caros... Nos últimos tempos Papai do Céu resolveu armar uma tremenda festança lá em Cima, e para tanto chamou convidados brasileiros de alto quilate, entre eles o bibliófilo José Midlin, o sambista Walter Alfaiate e o mestre-jazz-bossa-novista Johnny Alf. Só estava faltando um cartunista, e infelizmente para nós ele foi chamado na madrugada do dia 11/03/2010... Nessa altura do campeonato a nossa audiência já deve saber que estou falando do passamento de Glauco Villas-Boas, ou simplesmente Glauco, como ele ficou conhecido por seus milhares de fãs.



Quando eu penso ou falo do Glauco sou obrigado a fazer uma "jornada sentimental" (noussa, que meigo!) para meados dos anos oitenta, quando eu era um pré-adolescente pequeno morando lá em Santos (cidade do litoral paulista). Nessa época, repentinamente (não mais que repentinamente) graças a um amigo caiu nas mãos desse simpático blogueiro que vos fala um exemplar da saudosissima Chiclete com Banana, um magazine humoristico em preto e branco cuja maior parte do material era produzido pelo sensacional Angeli, cartunista que se destacava naquele período produzindo tiras memoráveis para o jornal Folha de São Paulo.



Vejam bem, eu falei que a maior parte do conteúdo editorial da Chiclete com Banana era produzido pelo Angeli...Outra parte da revista ficava a cargo de "brothers" do Angeli advindos da Folha de São Paulo, entre eles o Glauco... E ai, meus caros, aí eu tomei conhecimento do Geraldão, Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e a tantos outros personagens criados pelo moço de Jandaia do Sul, e rapidamente ao lado da Chiclelete o magazine Geraldão virou uma das minhas revistas de humor favoritas de todos os tempos.




Falar de (ou fazer) humor desbocado nos dias de hoje é relativamente fácil... Não faltam candidatos ao titulo de humorista-mais-zé-graça-e-mais-politicamente-incorreto-do-mês, mas nos meados dos anos oitenta nos tinhamos apenas a MAD e um ou outro quadro mais picante dos programas televisivos do Chico Anysio ou dos Trapalhões... Dentro desse contexto tanto a Chiclete quanto a Geraldão foram verdadeiros bálsamos, já que elas traziam tudo aquilo que qualquer moleque gostava, que era sacanagem e putaria em estado bruto! E ainda por cima por inteligência! Ora, era impossível não rir da relação edipiana do Geraldão com a sua mamãe, da insana-vontade-de-dar da Dona Marta e da disputa para ver quem vestia mais rápido o chapéu de touro que rolava nas tiras do Casal Neuras. Isso sem falar na sensacional Los Três Amigos, série em quadrinhos que reunia Angeli, Glauco e Laerte (outro cartunista da Folha) em histórias ambientadas no Velho Oeste onde ambos combinavam seus estilos artísticos! Que trabalhos brilhantes, meu Deus!



Infelizmente, o tempo foi passando, deixei de ser um adolescente ávido por gibis putanheiros para ser um adulto chato-pra-caramba, a Chiclete e a Geraldão cumpriram seus ciclos editoriais e os anos noventa bateram na nossa porta. O trabalho do Glauco ficou restrito apenas as páginas da Folha, a uma ou outra edição especial ou republicação lançada para as bancas de jornais e a albúns publicados por editoras como a LP&M. Todavia, durante todo esse tempo nunca deixei de pelo menos dar uma olhada no material produzido ou republicado pelo "pai" do Geraldão, e justamente hoje fui pego de surpresa quando soube que ele tinha abandonado para sempre o nosso convívio.


Poderíamos fazer aqui uma baita digressão sobre o absurdo que é morar em uma cidade como São Paulo e não ter segurança nem na própria casa; poderíamos chamar na "chinca" aqueles que são responsáveis pela Segurança Pública; poderíamos fazer um montão de coisas, porém na modesta opinião desse modesto blogueiro que vos fala a melhor coisa a fazer é guardar no coração, na palavra e na mente o bom-humor que o Glauco trouxe para as nossas vidas. Dito isso, leiam algumas tiras feitas por ele (cliquem nelas para ampliá-las) e saibam que, pelo menos, o Papai do Céu agora tem um cara bom de piada do lado dele...




Artigos:
Cartunista da Folha, Glauco morre em tentativa de assalto
Glauco - Site Oficial

segunda-feira, 8 de março de 2010

Opinião 008 - O Dia Internacional da Mulher e os Quadrinhos.



Pois é, meus caros... Hoje comemoramos o Dia Internacional da Mulher e inúmeras considerações poderiam ser feitas sobre aquelas que são nossas mães, avós, irmãs, parentes, amigas e esposas... Dito isso, vamos reduzir o escopo dessa consideração para os quadrinhos, fazendo para nós mesmos duas perguntinhas básicas: Por que há tão poucas mulheres apaixonadas por Quadrinhos? Por que aparentemente há tão poucas artistas na indústria de Quadrinhos Americana?

Uma vez eu li em um site gringo (não me lembro qual) um escritor/editor americano (que também não lembro quem era!) explicar que os Quadrinhos de Super-herois sempre foram uma mídia direcionada quase que exclusivamente para meninos brancos de classe-media, uma vez que a maior parte dos autores originalmente eram ... Meninos brancos de classe-media! Isso explica em uma boa medida a baixa representação de minorias ou então a representação estereotipada delas no Mundo Encantado dos Quadrinhos Americanos. No caso das mulheres os estereótipos são conhecidos: vão da burra-e-gostosa a mocinha-e-vitima-indefesa e passam quase pela heroina-capacho-do-super-macho-lider. Mas, bem ou mal existiram tentativas de mudar esse quadro.


Nos anos setenta o Movimento Feminista fez sua voz ser ouvida, e a Marvel Comics até que tentou responder: o gibi Avengers #83 trouxe a aventura Come on in, The Revolution´s Fine (Venha para a Grande Revolução), uma das primeiras HQ's de cunho notadamente feminista; Linda Fite (uma assistente editorial da Marvel naquela época) foi convidada para criar uma nova personagem feminina mais adequada aos novos tempos tempos, e assim surgiu The Cat, que anos depois se transformaria na super-heroina Tigresa. Até a DC Comics tomou algumas ações nesse sentido, sendo que a mais radical de todas foi retirar todos os super-poderes da tradicionalissima Mulher-Maravilha e dar-lhe um visual e habilidades supostamente mais antenado com os anseios femininos do final dos anos sessenta e início dos setenta. Só que pelo visto tal mudança não agradou a todos, e a revista feminista Ms. (editada por Gloria Stein, uma lider histórica do movimento em prol das mulheres) iniciou uma campanha exigindo que a Princesa Amazona voltasse a exibir os seus atributos originais.




De lá para cá, as coisas não mudaram muito: pouquissimas mulheres trabalham na indústria de quadrinhos, a Princesa Amazona mal consegue sustentar uma revista mensal e rarissimas personagens femininas estrelam a sua própria série. Isso sem falar que o público consumidor de quadrinhos continua sendo composto majoritariamente por meninos brancos de classe média! Ainda bem que pelo menos no Mangá a situação é um pouco melhor, e justamente os quadrinhos oriundos do Japão são os responsáveis pela formação da maioria das leitoras, uma vez que há um gênero (os mangá shoujo) dedicado a elas. "Coincidentemente", a indústria japonesa de quadrinhos emprega muito mais desenhistas e roteiristas do sexo feminino que a indústria americana.




É inegável que muitas águas rolaram de baixo da ponte, e hoje certamente a representação feminina nos gibis é bem mais adequada do que era a quarenta ou cinquenta anos atrás. Mas um longo caminho ainda precisa ser percorrido até que as mulheres realmente tenham o espaço e a dignidade devidas nos quadrinhos, e principalmente em nossa sociedade. Mas com jeito se chega lá... E feliz Dia Internacional da Mulher para todos!




Artigos Interessantes
Wikipedia - Representação Feminina nos Quadrinhos Americanos
Wikipedia - Lista de mulheres quadrinistas